A deputada estadual Fátima Nunes (PT) ganhou o noticiário na semana passada ao afirmar 'ser negra e pobre', mesmo tendo se autodeclarado branca nas eleições. Em conversa com o Portal Salvador FM, na manhã desta segunda-feira (9), a petista reafirmou sua condição, explicando que o posicionamento foi construído a partir da experiência familiar e na militância política.
"Meu pai é negro, minha mãe é branca, então, sou uma mulher miscigenada. Mas o meu sentimento é de povo negro, porque sempre estive presente em momentos de luta por direitos. Vi muitas vezes meu pai ser discriminado, porque meu avô era branco e naquele tempo era muito difícil para os mais velhos concordarem com essa mistura. Meu pai, por mais que fosse esforçado, nunca conseguiu um emprego bom e a gente viveu um tempo de muita necessidade, pobreza, como a gente chama na linguagem social", explicou.
Sobre o fato de se considerar pobre, apesar do salário de R$ 31,2 mil na Assembleia Legislativa da Bahia, Fátima, que está no sexto mandato, afirma que não acumulou riqueza.
"A gente não é apadrinhada por político tradicional A ou B. A gente é da luta, para reunir, para construir oportunidades e para as pessoas entenderem que por mais que as situações sejam desiguais, é possível a transformar. É nessa caminhada de luta e transformação, de busca constante por democracia e cidadania, por direito a ser igual, de ter comida na mesa, ter uma roupa boa para vestir, direito de ir à praia, no sertão ou onde quiser que eu me coloco com essa garra do povo negro, porque sou miscigenada e carrego muito em meu sangue essas bandeiras de lutas intensas. A nossa Bahia a gente sabe da história. Quem vive 400 anos de escravidão não tem outra forma de ascender no seu direito se não fora na luta diária", afirmou.
