Política

Extrema-direita em Portugal ameaça receber Lula com protesto histórico em Lisboa

A afirmação é do líder do partido Chega, terceira maior força do Parlamento português, que convocou uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (28) para anunciar a ação

Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Marcelo Camargo/ Agência Brasil

A ultradireita de Portugal promete receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fará uma viagem oficial a Lisboa em abril, com a “maior manifestação de repúdio à visita de um chefe de Estado estrangeiro” que o país já viu.

A afirmação é do líder do partido Chega, terceira maior força do Parlamento português, que convocou uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (28) para anunciar a ação. As informações são da Folha de S. Paulo.

Embora tenha afirmado contar com o apoio de vários “dirigentes, membros de associações, empresários, advogados, clérigos e fiéis de vários distritos do país”, André Ventura não apresentou concretamente o nome de nenhuma entidade ou personalidade brasileira que esteja endossando os protestos.

“Estamos a falar com membros dessas associações, mas não vamos pedir o apoio formal delas”, disse o deputado, que afirmou buscar o suporte dos membros dessas entidades em caráter individual. Ventura ressaltou, porém, que conta com a adesão de igrejas evangélicas, onde o partido tem forte representação.

O líder do Chega afirma ainda que o partido irá “promover, divulgar, organizar, transportar e fazer tudo o que estiver ao alcance” para garantir que o protesto conta Lula seja de grandes proporções. Citando as acusações de corrupção e o período de prisão do presidente brasileiro, Ventura afirmou que a presença de Lula não contribui para a democracia portuguesa.

Marcada para acontecer de 22 a 25 de abril, a viagem começou a reverberar na política interna lusitana após o anúncio de que o petista discursaria no Parlamento durante a cerimônia de aniversário da Revolução dos Cravos, que marca o fim da ditadura no país europeu.

A informação foi adiantada pelo ministro português dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, em visita a Brasília na semana passada. Líderes parlamentares disseram que não foram consultados sobre o convite e acusaram o governo do premiê António Costa de interferência entre os Poderes.

Enquanto partidos de esquerda afirmaram apoiar a participação de Lula nas celebrações, uma das mais importantes do calendário político luso, as legendas de direita mostraram contrariedade. Líder da Iniciativa Liberal, o deputado Rui Rocha afirmou que seu partido pode abandonar a tribuna caso o discurso do petista de fato aconteça.

Ventura, por outro lado, diz que seu partido não vai deixar o plenário. “Nós não fugiremos nesse dia. Nós não sairemos para deixar Lula entrar.” O ultradireitista sinalizou, no entanto, que os 12 deputados do Chega poderiam agir para constranger o petista caso o discurso aconteça durante a sessão solene das comemorações do 25 de abril. “Não seremos agradáveis nem corteses”, disse.