Política

Ex-funcionário da prefeitura de Salvador é preso por desvios de verbas

Ele era responsável em incluir o nome dos beneficiários (desabrigados) no sistema bancário utilizado pela prefeitura municipal

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Depois do secretário municipal de Gestão, Alexandre Paupério, ter sido acusado pelo Ministério Público Estadual de participar do desvio de cerca de R$ 39,4 milhões da Secretaria de Educação, entre os anos de 2009 e 2012, um novo escândalo atinge a Prefeitura de Salvador no mês de setembro. O ex-gestor do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS), Thiago Santos Lima, foi preso ontem  (25) sob a acusação de ter desviado mais de R$ 100 mil do bolsa-auxílio destinado às famílias desabrigadas após as chuvas que caíram em Salvador nos últimos meses. Ele era responsável em incluir o nome dos beneficiários (desabrigados) no sistema bancário utilizado pela prefeitura municipal. 

O Fundo no qual Thiago trabalhava é ligado à Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza. Apesar de ter sido exonerado em abril deste ano, ele continuou trabalhando para a secretaria através de uma empresa terceirizada contratada pela secretaria municipal de Gestão. Secretário municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza, Bruno Reis informou que Thiago foi mantido no setor após sua chegada à pasta por causa da qualificação, mas que tão logo identificou os desvios, a polícia foi comunicada. O golpe foi notado após a secretaria perceber que alguns auxílios tinham sido duplicados.

Segundo Reis, para que esse tipo de fato não se repita, os verdadeiros beneficiários contarão com um cartão para realizar os saques nas agências da Caixa Econômica Federal. “Percebemos que tinha pessoas que receberam três parcelas de três salários mínimos, quando o bolsa-auxílio é de até três salários mínimos. Na nossa investigação, nós identificamos que essas pessoas eram estudantes de medicina e identificamos que o Fundo estava fazendo pagamentos indevidos pelo ex-gestor”, destacou Bruno Reis. “Nós sabíamos que ia ter a operação, foi combinado com a gente. Isso mostra que hoje nós temos o controle do que está acontecendo lá na Semps”, avaliou Bruno Reis.

Segundo a delegada titular de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), Ana Carina Sampaio Guerra, oito estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) estão envolvidos no desvio da verba. Os futuros médicos estavam inscritos para receber o bolsa-auxílio, cujos valores variavam entre R$ 2 mil a R$ 3 mil. Nenhum deles, entretanto, morava em áreas atingidas pelas chuvas ou tiveram perdas de casas, parciais ou totais, com deslizamentos de terra, como todos os reais desabrigados. Apesar disso, eles realizavam os saques do dinheiro diretamente na agência bancária, apresentando apenas a identificação de beneficiário.

De acordo com a delegada, o repasse total era de até três salários mínimos para cada estudante, mas foi encontrado durante as investigações registros de saques que chegam a R$ 13 mil. Intitulada de Operação Chuva, a ação da Polícia Civil resultou na prisão temporária do ex-servidor e em nove prisões coercitivas dos estudantes. Os envolvidos vão responder por crime de peculato. São eles: Diogo Pimentel, Juliana Dias da Silva, Matheus Menezes Maron e Silva, Mike Alex Cardosos de Almeida, Rafael Britto Fernandes, Rodrigo Pimentel Santiago, Ronaldo Correia Fabiano Filho e Thiago da Silva Xavier.

BENEFÍCIO –  No dia 29 de abril a Câmara de Salvador aprovou o projeto de lei do Executivo que concede um benefício de até três salários mínimos às famílias vítimas de tragédias na capital baiana. O PL foi anunciado após a tragédia ocorrida na cidade, com mais de 21 mortes. O PL vai complementar o auxílio-moradia já disponibilizado pela Prefeitura, no valor de R$300 por mês, para famílias que ficam desabrigadas. A Prefeitura vai utilizar recursos próprios. (HVR)

 Foto: Ilustração