Ao menos três nomes estão no páreo pela presidência do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado da Bahia. A eleição para os diretórios municipais, estaduais e nacional acontecerá no dia 6 de julho, mas já tem agitado a militância desde o ano passado.
Desde que o atual presidente Éden Valadares anunciou a desistência de concorrer à reeleição, o clima dentro do partido tem se acirrado. Grupos liderados pelo senador Jaques Wagner, a quem Valadares é ligado, e pelo ex-governador e ministro Rui Costa buscam por um nome de consenso para dirigir o PT no âmbito estadual. Ao menos dois candidatos já surgiram com potencial, mas naufragaram por falta de entendimento entre as correntes internas do partido.
Éden Valadares tentou emplacar como sucessor o atual presidente do PT de Serrinha, Sandro Magalhães, mas o nome não teria agradado setores do partido. Para completar, o ex-secretário de Educação serrinhense foi nomeado no último dia 26 para o cargo de diretor da Fundação Pedro Calmon. A nomeação para o cargo público enterrou a possibilidade de o petista ascender ao comando da agremiação.
Nos bastidores, um nome que tem sido colocado como alternativa em busca do consenso é do ex-prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro. O governador Jerônimo Rodrigues teria feito um apelo ao ex-gestor para que ele aceitasse a missão. Por outro lado, Pinheiro estaria empenhado em levar adiante seu projeto de concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia. Assumir a direção poderia colocar seus planos em modo de espera.
Bloco na rua
Enquanto não há consenso entre os grupos considerados hegemônicos dentro do PT, alguns nomes estão vindo a público manifestar interesse em concorrer ao comando do partido.
A diretora da Fundação Perseu Abramo, Elen Coutinho, já colocou seu bloco na rua. Ela foi candidata a presidente do PT em 2019, quando obteve 40% dos votos dos filiados. O pleito, na época, teve como vencedor o atual presidente Éden Valadares. Elen é economista, militante antirracista, integra o diretório nacional do partido e faz parte da corrente interna Avante.
E Elen não é a única mulher na corrida pela presidência do PT baiano. Liu Durães foi apresentada como candidata pela tendência Esquerda Popular Socialista (EPS) do partido. Ela é integrante do Movimento Sem Terra (MST) e trabalha na chefia de gabinete do deputado federal Valmir Assunção. Formada em engenharia agrônoma pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Liu tem como bandeiras o feminismo e a luta pela reforma agrária e pela agroecologia.
Em nota, a direção da tendência EPS enalteceu a carreira da militante do MST.
“A companheira Liu, mulher, jovem, negra, é fruto da ousadia e consciência das trabalhadoras e trabalhadores. Liu nasceu dentro de um acampamento do MST e tornou-se militante do movimento. Ao longo de sua trajetória, foi ainda da direção estadual e nacional do MST”, diz um trecho do comunicado.
Quem tem percorrido a Bahia em busca de apoio é o atual secretário de Desenvolvimento Territorial do PT, Gutierres Barbosa. Ele também é coordenador nacional do Setorial Inter-religioso do PT e vice-presidente da Igreja Batista Nazareth.
Barbosa integra a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) e foi tesoureiro na gestão do então presidente estadual Everaldo Anunciação.
Reação em conjunto
Na última segunda-feira (24), uma reunião plural marcou mais um capítulo da agitação interna que a eleição tem provocado dentro do PT. Naquele momento, o nome de Sandro Magalhães ainda era uma opção colocada por Éden Valadares.
A reunião, que aconteceu na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), teve a presença de representantes de seis correntes internas. O grupo debateu a construção de uma candidatura a ser colocada como oposição ao movimento do atual presidente Éden Valadares. Estiveram no encontro tendências como Construindo um Novo Brasil (CNB), Avante, Democracia Socialista (DS), Coletivo Avante, Esquerda Popular Socialista e Resistência Socialista.
Na declaração conjunta formulada após a reunião, as tendências defenderam maior protagonismo da base na condução dos rumos políticos da agremiação. Para o grupo, a eleição interna do PT deve ser um ponto de partida “para ampliar a democracia interna e resgatar a capacidade dirigente do partido no estado”.
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