A entrada de Jaques Wagner no governo de Rui Costa será oficializada na segunda quinzena de novembro. O ex-ministro-chefe do Gabinete Pessoal da presidente cassada Dilma Rousseff ainda está na “quarentena”. O período de afastamento com direito a receber o mesmo salário de ministro termina no próximo dia 15.
A nomeação está acertada, contudo, existe um entrave. Rui Costa trabalha no desenho da secretaria extraordinária que será criada especificamente para abrigar o ex-governador. No Palácio de Ondina a estratégia passa pela formulação de uma pasta que reúna as relações internacionais, a agenda Bahia, o conselho político e empresarial.
A nova pasta terá características semelhantes a duas experiências recentes das gestões petistas no estado. Fernando Schimdt esteve à frente da secretaria de Relações Internacionais e Agenda Bahia. Do outro lado, o vereador Edvaldo Brito (PSD) pilotou a secretaria extraordinária de Assuntos Estratégicos.
Wagner terá a função de dialogar com setores político-partidários, empresários, movimentos sociais e sociedade civil organizada. Vestirá a roupa que “melhor lhe serve”, conforme esperam as lideranças políticas da base aliada de Rui Costa. Além de planejar a estratégia para o estado passar pela crise que atravessa.
A criação da pasta coloca em xeque as especulações recentes sobre a saída imediata de Josias Gomes da Secretaria de Relações Institucionais, no entanto, a mudança não está descartada. A “dança das cadeiras” na gestão estadual está sendo planejada para janeiro de 2017. Na ocasião, inclusive, espera-se que Wagner já tenha efetivado a sua participação na articulação política. A Fundação Luís Eduardo Magalhães também não ficará sob a tutela do ex-governador.
Vale ressaltar que a nova secretaria ainda não tem nome definido e tampouco lugar para abrigar o que provavelmente será um gabinete enxuto, que terá o próprio Wagner e poucos assessores. Ainda não se sabe também, mesmo faltando pouco tempo, se haverá necessidade de passar pela Assembleia Legislativa.
Deputados estaduais da base vêm com bons olhos a chegada de Wagner, portanto, não será difícil conseguir os votos necessários para aprovar. Outro dado é que financeiramente o custo não impactará, de acordo com prepostos palacianos, no orçamento. Contudo, espera-se que a bancada da oposição, legitimamente, proteste e faça a sua parte na contestação da nomeação.
Embora os mais próximos a Wagner, além do próprio ex-governador, neguem que o movimento guarde relações com a necessidade de foro privilegiado, nos bastidores da política a ilação é feita tanto por adversários quanto por aliados. A diferença é que os primeiros externam a opinião com o peito estufado e os segundos estufam o peito para sussurrá-la.
(BN) (AF)