O presidente da República, Michel Temer, disse nesta quarta-feira (19), na última reunião com a sua equipe ministerial antes de deixar o governo, que sentirá falta dos gritos de “fora, Temer”, que ocorreram durante diversas manifestações que pediam a sua saída do cargo.
Ao longo do governo, Temer, que assumiu a Presidência após o impeachment da petista Dilma Rousseff, foi alvo de protestos por diferentes razões a favor da sua renúncia.
“Até vou sentir falta do 'fora, Temer'. Agora, estarei fora mesmo, mas levou tempo, levou 2 anos e 8 meses”, afirmou, acrescentando que seu governo foi “adiante, amparado” pelo trabalho de sua equipe.
Em maio do ano passado, os atos de "Fora, Temer" foram motivados pela delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. As revelações dos delatores levaram à apresentação de duas denúncias contra Temer, que tiveram o andamento paralisado pela Câmara dos Deputados.
Joesley chegou a entregar a gravação de uma conversa dele com o presidente na qual eles discutiram, segundo a Procuradoria Geral da República, a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ).
No encontro com a sua equipe ministerial, realizado no Palácio do Planalto, Temer culpou o episódio pelo fato de a reforma da Previdência não ter sido aprovada no Congresso.
O presidente disse ter sido vítima de “uma trama de tal natureza” cujos "detratores acabaram presos", "que entraram com gravadorzinho da feira do Paraguai". "Além do que, devo dizer que, naquela gravação, criou-se uma frase falsa", disse.
Em um trecho da conversa gravada, Joesley disse estar “de bem com o Eduardo”, ao que Temer respondeu: “Tem que manter isso, viu”. Para a PGR, a frase de Temer referia-se a uma suposta compra do silêncio de Cunha.
Ao final do seu discurso na reunião com os ministros, Temer brincou e afirmou que iria “até mandar servir um café [aos ministros] para mostrar que o café está quente ainda”. “Sem café também é demais”, disse.
G1 // AO