O presidente Michel Temer negou, em entrevista à Rádio CBN que foi ao ar nesta sexta-feira (10), que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba, tenha influência no governo federal. Na última quarta, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que, mesmo preso, Cunha tem influência na nomeação de ministros para o governo Temer.
"Eu disse a ele que o ministro Padilha deve voltar o mais rapidamente possível ao cargo porque, se isso não acontecer, o Eduardo Cunha senta o Gustavo Rocha lá", afirmou Renan à colunista do G1e da GloboNews Cristiana Lôbo, ao narrar uma conversa que teve com o ministro Moreira Franco.
Nesta sexta, ao ser questionado pelo jornalista Jorge Bastos Moreno sobre as declarações de Renan, Temer afirmou:
"Absolutamente não existe [influência de Cunha no governo]. […] Imagina. Essas afirmações não têm sustentação. Imagine se o Eduardo Cunha, que está, enfim, distante, pode influenciar alguma coisa, não há influência nenhuma. Não tem influência nenhuma", disse o presidente.
Ele também foi questionado sobre a relação que tem com Renan Calheiros, que tem criticado o governo publicamente. Nos últimos dias, Renan Calheiros tem demonstrado disposição de se afastar do governo e tem aumentado o tom das críticas às decisões do governo.
Nesta semana, ele divulgou um vídeo no qual criticava a reforma da Previdência proposta por Temer e que, neste momento, tem recebido forte empenho do presidente.
"Com o senador Renan, tenho dialogado permanentemente, tenho certeza que vamos continuar dialogando, ele vai continuar nos ajudando, preocupado que é com o país. Eu tenho absoluta convicção de que ele vai nos ajudar. […] Quanto a essa relação com Renan, eu tenho certeza que ela vai continuar sólida como foi no passado", afirmou Temer.
Reforma da Previdência
Ao falar sobre a proposta de reformar a Previdência Social, e que tem sido alvo de críticas até mesmo de parlamentares da base aliada, Temer afirmou que enviou o texto que acha necessário para evitar uma crise maior no país.
"Evidentemente, se aprovada for, como espero que seja, a reforma da Previdência, o Brasil vai dar um salto. E acho que em benefício de todos. Se você me disser: 'é difícil aprovar, haverá observações'. Olha, o governo mandou aquilo que acha necessário para que o Brasil não se trasforme, vou citar com toda a liberdade porque está devidamente publicizado, que é históra do Rio de Janeiro, a história do Rio Grande do Sul, história de Minas Gerais, estados que estão passando grandes dificuldades exata e precisamente em função do fenômeno previdenciário", explicou o presidente.
"Então o Brasil não pode daqui quatro ou cinco anos transformar-se numa figura como está acontecendo com os estados brasileiros", complementou.
O presidente reconheceu que haverá "objeções" no Congresso ao texto proposto pelo governo, o que ele disse considerar natural.
"Precisamos dialogar, e vamos até onde pudermos. E o diálogo será sempre no sentido de evidenciar a necessidade de aprová-la tal como está", afirmou.
Reprodução: G1 Política