A ex-secretária estadual de Educação (SEC) e de Saúde (Sesab), Adélia Pinheiro, candidata a prefeita de Ilhéus pelo PT, afirmou que está na hora de a cidade dar um basta no ciclo de casos de corrupção que atingem a gestão do município. Em publicação feita na rede social Instagram, a prefeiturável faz referência à Operação Barganha, que foi deflagrada nesta quinta-feira (26) pela Polícia Federal para investigar crimes de desvio de recursos públicos e fraude à licitação na administração do prefeito Mário Alexandre, conhecido como Marão (PSD).
Além do prefeito, conforme informações do site G1, o candidato apoiado por ele para as eleições deste ano, Bento Lima (PSD), ex-secretário de Gestão, também foi alvo da "Barganha". A Justiça Federal autorizou buscas na residência e no gabinete de Marão. Além deles, o ex-procurador-geral do município, Jefferson Domingues Santos, outras duas pessoas e duas empresas estão entre os investigados.
De acordo com a Polícia Federal, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região nos municípios baianos de Ilhéus, Itabuna, Salvador, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista. Além das medidas de busca e apreensão, foram deferidas a quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos no esquema criminoso, bem como apreensão de valores.
Ao comentar a operação, a candidata a prefeita pelo PT frisou que Ilhéus não merece passar por mais esse capítulo de escândalo. "Mais uma vez, o poder público municipal está no centro de uma operação da Polícia Federal. Esse ciclo de escândalos, corrupção, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha se arrasta por diversas gestões. As manchetes negativas de Ilhéus ganham repercussão nacional. É hora de dar um basta. Já vivemos essa vergonha no passado, e agora ela se repete", lamentou Adélia Pinheiro.
O ESQUEMA
As investigações da PF apontam a existência de um esquema de pagamento de propina a agentes públicos para que as empresas investigadas fossem beneficiadas com contratos na gestão municipal. Os ajustes entre empresários e agentes públicos eram realizados antes mesmo da realização da licitação e definiam a empresa que seria vencedora.
Além do direcionamento das licitações, foi constatado, segundo a corporação, o superfaturamento dos serviços em diversos contratos, fraude documental, crime de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os contratos investigados envolvem valores superiores a R$ 45 milhões. A atuação dos agentes públicos ocasionou desvios de recursos públicos na área de saúde, educação e limpeza urbana.
Os investigados poderão responder pelos crimes de frustação do caráter competitivo da licitação, fraude em licitação ou contrato, corrupção passiva, corrupção ativa, falsidade ideológica, organização criminosa e lavagem de dinheiro.