Um nota técnica do Ministério da Saúde (MS)contrariou entidades cientificas ao afirmar que há eficácia e segurança no uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 e que vacinas tem menos efeito de cura que o medicamento. Em argumento usado para justificar a rejeição de diretrizes de tratamento da Covid-19 ao SUS, o documento afirmou que a cloroquina é melhor que qualquer tipo de vacina desenvolvida para combater o coronavírus e não é essencial para o “kit covid”.
Na nota, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti Neto, apresentou uma tabela que coloca a hidroxicloroquina, medicamento com ineficácia comprovada contra o novo coronavírus, em oposição às vacinas, que já se demonstraram eficientes para reduzir os casos graves e as mortes pela doença no Brasil e em outros países.
Em uma das colunas da tabela há uma pergunta sobre a existência de demonstração de efetividade em estudos controlados e randomizados para a Covid-19. A resposta é "sim" para a hidroxicloroquina e "não" para as vacinas. A tabela contrapõe os dois métodos ao afirmar que o medicamento tem demonstração de segurança em estudos experimentais e observacionais contra a Covid e que os imunizantes não têm a mesma resposta.
A pasta da Saúde informa no texto que a hidroxicloroquina é barata, não tem estudos "predominantemente financiados pela indústria", mas não é recomendada por sociedades médicas. Já a vacina, segundo o documento, é cara, tem estudos bancados pela indústria e é recomendada por essas entidades.
Diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Meiruze de Freitas disse que "todas as vacinas autorizadas no Brasil passaram pelos requisitos técnicos mais elevados no campo dos estudos clínicos randomizados (fase I, II e III) e da regulação sanitária".
"Não é esperado e admissível que a ciência, tecnologia e inovação no Brasil estejam na contramão do mundo. É preciso que todos estejam unidos na mesma direção, ou seja, salvar vidas", completou.
A assessoria do MS e do ministro Marcelo Queiroga não se manifestaram sobre a nota técnica, mas, recentemente, a pasta da Saúde disse que "a vacinação é segura e foi autorizada pela Anvisa".