O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, disse na manhã desta sexta-feira (2) que será exonerado do cargo. O anúncio foi feito após reunião com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, em Brasília.
No início da tarde, o próprio Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) publicou um vídeo com as falas de Galvão em uma rede social, e Pontes se manifestou sobre o caso em seu perfil pessoal. "Agradeço, pela dedicação e empenho do Ricardo Galvão à frente do Inpe. Tenho certeza que sua dedicação deixa um grande legado para a instituição e para o país. Abraços espaciais", escreveu o ministro.
O órgão que Galvão comandava foi acusado pelo presidente Jair Bolsonaro de mentir sobre os dados do desmatamento e agir a "serviço de alguma ONG". Galvão rebateu as acusações e criticou falas e comportamento de Bolsonaro.
"Minha fala sobre o presidente gerou constrangimento, então eu serei exonerado", disse Ricardo Galvão nesta sexta. Ele lembrou que tinha um mandato de quatro anos, mas que, apesar isso, o regimento prevê que o ministro pode substituí-lo "em uma situação de perda de confiança".
O diretor afirmou também que a conversa com Pontes foi muito cordial e que concorda com a exoneração.
Os alertas do desmatamento no Brasil registraram alta de 88% em junho e de 212% em julho, segundo análise feita com base em dados do públicos do Inpe, que foram compilados pelo sistema conhecido como Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Além de ganhar destaque no Brasil, o avanço do desmatamento foi noticiado pela revista "The Economist" e por outras publicações estrangeiras.
O governo afirma que a medição do Deter não deve ser usada para gerar percentuais e comparações mensais e que os dados consolidados de desmatamento são divulgados pelo Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes). O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, admitiu que há aumento no desmate e diz que vai licitar um novo sistema de monitoramento.
Especialistas rebatem o governo e afirmam que o Deter mostra a real tendência de aumento, com precisão de cerca de 90%. Argumentam que as medições parciais do sistema sempre foram confirmadas posteriormente pelo Prodes em um balanço anual.
G1 // AO