O candidato do Podemos à Presidência, Alvaro Dias, cutucou adversários na corrida eleitoral deste ano ao dizer que alguns se dizem de centro, mas que fazem parte da "extrema direita" do espectro político, à frente, inclusive, de Jair Bolsonaro (PSL). Em sabatina promovida pelo Estadão-Faap, o senador disse ainda que o aborto não é um tema para o Presidente da República, apesar de ser da opinião de que a legislação atual deva ser mantida.
No evento, instado a se definir dentro do espectro político, o presidenciável do Podemos disse que pretende unir valores da esquerda e da direita e questionou a forma como alguns adversários se apresentam. "Tem gente que se diz de centro, mas está mais à direita que o Bolsonaro. Ou você acha que um banqueiro, que fez parte do sistema que explora a população, é de centro?"
Questionado sobre a fragmentação do centro político e como isso dá chances reais a um possível segundo turno entre PT e Bolsonaro, Dias respondeu que até buscou o centrão, mas eles não "subscreveram" suas propostas. O candidato disse ainda que não aceita fazer parte dessa "Arca de Noé". "Temos que destruir esse sistema, temos que partir ao meio esse negócio."
Dias repetiu várias vezes que as propostas dos candidatos são semelhantes e que o importante é "refundar a República" para conseguir transformá-las em realidade. Ainda assim, reiterou que pretende fazer da Lava Jato uma "política de Estado", que vai aplicar um limitador emergencial e não linear de despesas correspondente a 10% dos gastos públicos para zerar o déficit fiscal e que a reforma tributária é a peça central de seu programa de governo.
O senador ainda reiterou o convite ao juiz Sergio Moro para assumir o Ministério da Justiça caso seja eleito. "Se for, eu vou ligar para ele no primeiro dia. Certamente a maioria dos brasileiros gostaria de Moro na Justiça", comentou, sem se prolongar em nomes para outras pastas.
Mulheres
Perguntado sobre suas propostas para o eleitorado feminino e a posição sobre alguns dos assuntos relativos a esse público, Dias defendeu a igualdade de oportunidades e disse concordar com a equiparação salarial entre homens e mulheres, mas não detalhou propostas nesse sentido. Ele ainda afirmou ser favorável a manter a legislação sobre o aborto nos moldes atuais, mas que pode chamar um plebiscito sobre o tema caso aconteça um "motim". "Podemos até inovar e fazer o plebiscito só entre mulheres", sugeriu.
Dias ainda elogiou a mulher por ter uma "formação ética diferenciada". "Nesse combate à corrupção, certamente valoriza a equipe trazer mulheres para constituição do governo".
Com 3% nas pesquisas, o candidato reclamou ainda de ficar fora de alguns debates e da apresentação do resultado de alguns levantamentos eleitorais.
Estadão // AO