Política

Dias após eleição, ao menos três deputados se lançam na disputa pela presidência da Câmara

Escolha do sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ) será somente em fevereiro, mas alguns nomes já se lançaram: Capitão Augusto (PR-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO).

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Os deputados eleitos Capitão Augusto (PR-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO) â?? Foto: Cleia Viana; Michel Jesus; Antonio Augusto/Câmara dos Deputados

Dias após a eleição que definiu os 513 deputados federais para os próximos quatro anos, a corrida à Presidência da Câmara dos Deputados já foi deflagrada.

A eleição para definir o sucessor do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), será somente em 1º de fevereiro, mas alguns nomes já se lançaram na disputa: Capitão Augusto (PR-SP) e Delegado Waldir (PSL-GO), deputados reeleitos, e Kim Kataguiri (DEM-SP), que irá cumprir seu primeiro mandato parlamentar.

Em jogo, além do prestígio político, está o comando da pauta de votação no plenário da Câmara. Embora os líderes partidários sejam consultados, cabe ao chefe da casa legislativa, em última instância, decidir o que entra e o que não entra na pauta.

O cargo também é um posto-chave por ser o segundo na linha de sucessão da Presidência da República. Ou seja, se o presidente e o vice se ausentarem do país, quem assume interinamente no lugar é o presidente da Câmara.

Segurança
Ex-oficial da Polícia Militar, o deputado Capitão Augusto (PR-SP), eleito para o seu segundo mandato, anunciou nesta quarta-feira (10) ao G1 que é candidato e já está em campanha para angariar votos. “Hoje acertei e estou saindo candidato à Presidência da Câmara”, afirmou.

Líder do PR, o deputado José Rocha (BA), confirmou à reportagem que o colega tem o apoio da legenda.

Além dos integrantes do seu partido, Capitão Augusto calcula ter o aval dos deputados que são policiais e dos demais da bancada da segurança pública, que se autointitula “bancada da bala”, e da bancada religiosa.

Ele também espera conquistar o aval do PSL, partido do candidato Jair Bolsonaro (SP), com quem tem afinidade de pauta. O parlamentar planeja ir ao Rio de Janeiro semana que vem para conversarem pessoalmente sobre o assunto.

Capitão Augusto acredita ainda que terá o voto dos deputados da bancada de São Paulo. Na avaliação dele, por ser a maior na Câmara, com 70 cadeiras, os paulistas merecem voltar a ocupar o comando da casa – o último foi Michel Temer, de 2009 a 2010.

“Longe do clima de já ganhou, mas tenho grande chance de assumir”, avaliou o deputado em entrevista ao G1.

Entre as suas propostas, a principal bandeira é a questão da segurança pública e o endurecimento da legislação penal.

Questionado se poderia, por exemplo, entrar na pauta o projeto que tipifica como crime a homofobia, foi categórico: “Não entraria. Senão vamos ter que colocar ‘poliçofobia’, ‘taxifobia’, quem mata taxista. […] A vida de um gay vale mais do que a vida de uma criança, de mulher, de um senhor? Não vale. Então, por mim, é 30 anos para quem comete crimes violentos, homicídio, sem progressão de pena. Então, não precisa estabelecer por categoria. Não tem que distinguir”, disse.

De acordo com o deputado, se ele for eleito presidente, nenhuma matéria que vá “contra os valores do Cristianismo e da família” será pautada.

“Nada que for contrário ao Cristianismo eu vou pautar. A democracia é a vontade da maioria. Enquanto a maioria do povo brasileiro for cristã… quem não for, vai engolir, vai ter que respeitar”, afirmou Capitão Augusto.
Ele defende reformular o regimento interno da Câmara para diminuir os recursos disponíveis para a oposição fazer obstrução e impedir as votações, além de definir a pauta com antecedência para os demais parlamentares conseguirem se inteirar do assunto. “Você acha que tem deputado que vota consciente? Não vota, porque não sabe do que se trata”, ponderou.

Conhecido por circular pelos corredores do Congresso fardado, o deputado diz que, se eleito, irá presidir as sessões da Câmara vestindo a farda. “Usarei a farda em todos as sessões”, disse.

Em março, ele declarou que não houve ditadura no Brasil de 1964 a 1985, mas um regime militar. “Ditadura pressupõe o poder concentrado na mão de uma única pessoa, não alternância de poder. Você fecha o Congresso, fecha o Judiciário. Isso é ditadura. O que teve aqui? Regime militar, alternância de poder entre os presidentes, o Congresso ficou aberto”, argumentou Augusto ao G1 na ocasião.

G1 // AO