Dez deputados que haviam confirmado presença, por meio do levantamento realizado pelo Congresso em Foco até a tarde de segunda (12), faltaram à sessão noturna que resultou na cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Eles estão entre os 42 parlamentares que não compareceram ao julgamento do peemedebista, que teve o mandato cassado por 450 votos a 10. Assim como as nove abstenções, as ausências também favoreciam Cunha. Para cassar um deputado, são necessários 257 votos. Aliados do ex-deputado apostavam na estratégia de esvaziar a sessão para que o julgamento fosse adiado para depois das eleições, quando a pressão, na avaliação deles, seria menor sobre os parlamentares.
Durante a tramitação da representação contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética, Vinicius Gurgel ficou conhecido ao dizer que estava de ressaca quando assinou carta de renúncia à sua vaga no colegiado, em março deste ano. A manobra visava a garantir o voto do PR a favor de Cunha na votação do parecer de Marcos Rogério (DEM-RO) que, aprovado por 11 votos a 9 no Conselho, pedia a continuidade das investigações contra o então presidente da Casa.
Procurado, o deputado Luiz Carlos Ramos (PTN-RJ) preferiu não explicar as razões que o levaram a não comparecer ao julgamento mesmo após ter confirmado sua presença. “Não estou respondendo nada a respeito de ontem [anteontem]. O que foi ontem [anteontem] já passou”, disse o parlamentar.
Relator do impeachment na comissão especial da Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO) havia confirmado a presença, porém, por razões “de foro íntimo”, preferiu não comparecer à votação, informou a assessoria do deputado.
Já o deputado Cacá Leão (PP-BA) alega que estava na sessão e votou pela cassação de Cunha. Mas, devido a um problema técnico, segundo ele, seu voto não foi computado em plenário. “O painel não computou meu voto”, disse o parlamentar, que é filho do vice-governador da Bahia, João Leão. “Fiz um requerimento agora para a Secretaria-Geral da Mesa questionando e solicitando a validação do voto”, acrescentou Cacá. “Dei esse azar. O pessoal da informática inclusive me disse que é um erro comum, acontece muito aqui na Casa. Comigo foi a primeira vez”, lamentou. O deputado registrou
Há aqueles que justificaram a ausência por acreditar que não seria alcançado o quórum para o início da votação. É o caso de Alexandre Baldy (PTN-GO) e Felipe Bornier (Pros-RJ). Ambos disseram ter avaliado que a votação ficaria para terça-feira (13).
“Acreditei que não conseguiríamos atingir o quórum de votação e acabei indo para uma reunião em Goiás. Quando eu tentei voltar e chegar aqui na Câmara eu cheguei e já era 1h da manhã e eu não consegui votar”, disse Baldy, acrescentando ter pensado que a votação se estenderia pela madrugada. Ele destacou que, se estivesse presente, votaria pela cassação de Cunha.
Já a assessoria de Bornier informou que o parlamentar não conseguiu se programar para vir a Brasília na segunda-feira e, por isso, permaneceu no Rio de Janeiro para cumprir compromissos referentes ao mandato.
Fonte: Congresso em Foco