A reforma política, que vem sendo articulada desde o ano passado, mas hibernou compulsoriamente por conta da Lava Jato, finalmente ganhou a pauta da mídia.
Não pela boa vontade midiática ou empenho dos parlamentares. É na marra, por força dos prazos. Ela tem que estar pronta e votada na Câmara até o fim de maio para dar tempo ir ao Senado, tramitar, para que finalmente seja carimbada e passada o recibo pelo Congresso até o fim de setembro para valer em 2018.
Como diz o deputado Vicente Cândido (PT-SP): “Ou vai ou racha”.
Consenso não existe. Aliás, o único consenso é que não há consenso. Mas o voto em lista, aquele em que cada partido vota nela e não em pessoas, como sempre foi, ganha força a cada instante e alguns deputados baianos em Brasília admitem que têm grandes chances de passar.
O povo torce o nariz e os deputados federais sabem disso. O próprio Vicente admite: “Se ouvir o povo, não passa”. E fazendo coro com o povão, bradando contra, está grande parte dos deputados estaduais baianos, a maioria muito provavelmente.
Ouvimos 12 deles, oito são ostensivamente contra, dois são a favor, mas não agora, um ainda não firmou nenhum lado e só um é a favor. Veja algumas posições:
Ângelo Coronel (PSD) — presidente da Assembleia da Bahia:
— Sou contra. Só ajuda quem tem hegemonia no partido, para não dizer o dono.
Fabíola Mansur (PSB):
— Nem pensar. Para mim pessoalmente, pela posição que tenho no meu partido, até seria bom. Mas o processo ficaria muito cartorial, antidemocrático.
José Raimundo (PT):
— Sou a favor, com financiamento de recursos do Fundo Partidário.
Joseildo Ramos (PT):
— Sou a favor, mas não agora. Querem se esconder atrás do mandato e isso vai de encontro aos meus princípios.
Pablo Barrozo (DEM):
— Sou a favor, mas não agora.
Hildécio Meirelles (PMDB):
— Sou contra. O povo não aceita.
Luciano Ribeiro (DEM):
— Ainda não firmei posição.
Sildevan Nóbrega (PRB):
— Não dá. Iríamos voltar à época dos coronéis, agora nos partidos.
Euclides Fernandes (PDT):
— Sou totalmente contra. Seria a ditadura dos partidos.
Alan Sanches (DEM):
— Sou contra. A lista acaba com as campanhas eleitorais. Os candidatos majoritários, que são ancorados nas campanhas dos deputados, ficariam sozinhos. Isso não é democrático.
Adolfo Menezes (PSD):
— Sou a favor de ficar como está aperfeiçoado, com eleição de cinco em cinco anos. Acho esse negócio de eleição de dois em dois anos um absurdo.
Reprodução/Bahia.ba