Política

Deputada denuncia secretário de MT à polícia por divulgar foto dela de camisola

Janaína Riva (PMDB) prestou queixa na Delegacia da Mulher, nesta segunda

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Janaína Riva disse ter ficado estarrecida com a divulgação da imagem dela (Foto: Marcos Lopes / ALMT)

A deputada estadual Janaína Riva (PMDB) registrou um boletim de ocorrência contra o secretário de Comunicação de Mato Grosso, Kléber Lima, por ele ter divulgado uma foto em que ela aparece de camisola. A imagem foi compartilhada pelo secretário no domingo (14), depois que o Fantástico exibiu uma reportagem sobre grampos clandestinos no núcleo de inteligência da Polícia Militar do estado – a parlamentar foi uma das vítimas.

Ao G1, Kléber Lima disse que vai aguardar ser notificado para se manifestar sobre o assunto.

A queixa foi registrada na Delegacia da Mulher de Cuiabá, nesta segunda-feira (15). Uma audiência entre as duas partes já foi marcada para o dia 2 de junho, conforme a assessoria da deputada estadual.

Na imagem encaminhada em grupos de WhatsApp, em que a deputada aparece usando uma camisola, o secretário faz o seguinte comentário: "Quem iria invadir a privacidade da ilustre deputada, se ela mesma a faz." Kléber Lima também foi secretário de Comunicação e de Governo de Cuiabá.

Logo após a publicação começar a circular, a deputada postou em sua página numa rede social uma mensagem repudiando o ato. "[Estou] estarrecida com o machismo imposto. O secretário usa uma foto pessoal minha, para justificar os grampos ilegais feitos pelo governo do estado contra mim e outros envolvidos", diz ela na postagem.

O governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), alega não ter conhecimento das interceptações clandestinas e diz que pediu à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) que apure o caso.

Desagravo

Pelo mesmo fato, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Eduardo Botelho (PSB), assinou um ato de desagravo à postura do secretário e encaminhou o documento ao governador Pedro Taques.

"É entendimento desta Casa de Leis que o secretário procedeu de modo indigno e incompatível com o cargo que ocupa quando divulgou através de mídias sociais, mais especificamente grupos de WhatsApp, post contendo foto íntima da deputada Janaína Riva", diz trecho do ofício.

Além disso, o presidente da Assembleia Legislativa exige um pedido formal de desculpas do secretário à deputada.

[Deputados da oposição se reuniram com o presidente do TJMT, Rui Ramos, nesta segunda-feira (15) (Foto: Laura Petraglia/ ALMT)]
[Deputados da oposição se reuniram com o presidente do TJMT, Rui Ramos, nesta segunda-feira (15) (Foto: Laura Petraglia/ ALMT)]

Deputados da oposição se reuniram com o presidente do TJMT, Rui Ramos, nesta segunda-feira (15) (Foto: Laura Petraglia/ ALMT)

Reunião no Judiciário

Deputados que fazem oposição ao atual governo, incluindo Janaína Riva, participaram de uma reunião com o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Rui Ramos, para cobrar providências ao Judiciário sobre escutas telefônicas clandestinas.

"Uma das nossas preocupações é se essa investigação é um fato isolado ou se existem outras, como é a nossa suspeita. Estamos tendo dificuldades em criar uma CPI na Assembleia Legislativa para ouvir os policiais que participaram dessa ação. Nós queremos a ajuda do Judiciário", afirmou a parlamentar.

Além de Janaína, participaram da reunião o deputado Zeca Viana (PDT), Alan Karde (PT), Silvano Amaral (PMDB) e Valdir Barranco (PT). O grupo também se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, para cobrar medidas sobre o caso.

Grampos ilegais

Um esquema de espionagem no setor de inteligência da Polícia Militar de Mato Grosso foi revelado em reportagem do Fantástico. A Procuradoria-Geral da República (PGR) apura se o governador tinha conhecimento e de quem partiu a ordem para os grampos.

Em um relatório da PM sobre suposta investigação de tráfico de drogas, estavam nomes de pessoas que não tinham nenhuma relação com o crime, como de políticos, policiais, advogados, médicos, servidores públicos e jornalistas.

Pelo menos 100 telefones foram grampeados por essa central telefônica clandestina. Um deles pertence ao desembargador aposentado José Ferreira Leite, ex-presidente do TJMT. Ao G1, ele afirmou que não tinha ideia do interesse em grampeá-lo. Dois jornalistas também tiveram os telefones grampeados, assim como quatro médicos.

Reprodução/G1