Política

Denúncia sobre aquisição de imóveis de irmãos de Bolsonaro será analisada por braço direito de Aras

O encaminhamento frustrou aqueles que esperam que os familiares do presidente sejam investigados

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma denúncia contra a aquisição de imóveis contra os irmãos de Jair Bolsonaro (PL), por suposta prática de lavagem de dinheiro na aquisição de imóveis, foi encaminhada a Procuradoria da República em São Paulo enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR). O encaminhamento frustrou aqueles que esperam que os familiares do presidente sejam investigados.

A representação foi recebida na última semana pelo gabinete da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo. Braço direito do procurador-geral da República, Augusto Aras, ela tem se notabilizado pelo arquivamento de apurações que envolvem Jair Bolsonaro e seus aliados.

Reportagem recente do UOL apontou que, desde 1990, o mandatário, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, 51 dos quais adquiridos total ou parcialmente com dinheiro vivo. Na quinta-feira (22), a publicação foi censurada pela Justiça a pedido do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A denúncia contra os familiares do presidente foi apresentada ao Ministério Público Federal pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP). Nela são citados, entre irmãos e outros parentes do presidente, Renato, Denise, Vânia, Angelo e Luiz Paulo Bolsonaro e José Orestes.

Teixeira relembra o suposto caso das “rachadinhas” envolvendo Bolsonaro e seus filhos e diz haver indícios de que os imóveis da família possam ter sido comprados com dinheiro obtido de forma ilícita.

Nenhum dos denunciados tem foro especial. Para a procuradora da república em São Paulo Ana Carolina Yoshii Kano Uemura, no entanto, a conexão dos parentes com eventuais crimes praticados pelo presidente e por seus filhos parlamentares levam a investigação à PGR.

“Já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República deixar de atuar como órgão de defesa do presidente da República e passar a exercer as atribuições que lhe foram conferidas pela Carta Magna”, afirma a advogada Priscila Pamela Santos, integrante do grupo Prerrogativas, que representa Paulo Teixeira na denúncia.

“É lamentável a subserviência de algumas instituições aos delírios autoritários e criminosos do Presidente, que durante todo o exercício de seu mandato tem praticado atos que reclamam sérias investigações e que, entretanto, tem sido recorrentemente arquivados”, diz ainda.

No início deste mês, Aras defendeu a atuação da PGR e disse que o envio de centenas de representações para que autoridades sejam investigadas são uma sabotagem. De acordo com ele, são dirigidos ao órgão representações fantasiosas, desprovidas de suporte probatório e de fundamentação legal.