A Lavagem do Senhor do Bonfim é uma expressão de fé e religiosidade, mas também há espaço para o profano e o político. Na próxima quinta-feira (16), caciques da política baiana participarão do cortejo que parte da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Comércio, com destino à Basílica de Senhor do Bonfim, no bairro do Bonfim. A festividade é considerada um termômetro de popularidade para os políticos em cargos eletivos ou que pretendem ir às urnas futuramente.
A reportagem do PSNotícias apurou que, para a caminhada ao longo dos oito quilômetros que unem os templos religiosos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) pretende fazer uma demonstração de força política. Para ter o maior número possível de apoiadores no bloco durante o cortejo, uma mobilização estaria sendo feita entre os servidores de órgãos e secretarias do estado.
Tradicionalmente, tanto o bloco do governo do estado quanto o da Prefeitura de Salvador utilizam camisas brancas em alusão à festa do Senhor do Bonfim. A confecção da vestimenta, inclusive, é rodeada de segredos para que o grupo adversário não descubra o modelo projetado.
Pós-eleição
A caminhada da Lavagem do Senhor do Bonfim deste ano acontece três meses após as eleições municipais de outubro. Na capital baiana, o grupo liderado pelo governador Jerônimo Rodrigues rivalizou com o núcleo político que conseguiu reeleger Bruno Reis (UB) prefeito de Salvador. Geraldo Júnior (MDB), atual vice-governador do estado, foi o candidato apoiado por Jerônimo na corrida pelo Executivo soteropolitano, mas acabou ficando em terceiro lugar, atrás de Kleber Rosa (Psol).
No interior, o resultado das eleições municipais mostrou o retrato da polarização política entre Jerônimo Rodrigues e seus partidos aliados versus o grupo liderado pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, vice-presidente nacional do União Brasil. Neto é o virtual candidato da oposição ao governo do Estado em 2026.
Antevéspera da eleição estadual
Por um lado, Jerônimo Rodrigues e seu bloco chegam à Lavagem do Bonfim deste ano com o sabor amargo da derrota em Salvador na eleição municipal. Por outro, a festa servirá também para o pontapé inicial da caminhada com foco na eleição de 2026, quando ele deve disputar a reeleição. Com esse objetivo, o chefe do Executivo estadual deve engendrar seus esforços para manter seu nome em evidência na capital baiana, onde há 1,9 milhão de eleitores.
Embora a Bahia tenha 11,2 milhões de eleitores, o eleitorado da capital baiana poderá ser o fiel da balança no pleito de 2026. Afinal, em 2022, quando Jerônimo venceu ACM Neto no segundo turno, a diferença de votos foi de 473 mil votos.
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