Diante da tensão entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, líderes defendem votar ainda nesta semana, na Câmara dos Deputados, a medida provisória 870, que reestrutura a Esplanada dos Ministérios, mas sem a recriação das pastas das Cidades e da Integração Nacional. O martelo ainda não foi batido, mas há uma articulação para derrubar a volta dos dois ministérios, aprovada na comissão especial.
A avaliação é que o ambiente político não é mais propício para o retorno dos dois ministérios. Segundo líderes ouvidos pelo blog, a recriação disparou uma disputa pelos comandos das pastas, e grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro passaram a divulgar que a medida era a volta do toma lá dá cá, uma pressão de partidos do Centrão para votar projetos de interesse do Palácio do Planalto.
Um líder disse ao blog, de forma reservada, que inicialmente a volta dos dois ministérios era uma forma de pacificar a relação com a base aliada, entregando o Ministério das Cidades para um nome com bom trânsito junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e partidos do Centrão. Só que, logo depois, a medida passou a ser bombardeada.
“Agora, o que era uma solução, virou um problema. Então, talvez a melhor decisão seja desistir da proposta”, acrescentou.
Uma decisão deve ser tomada ainda nesta terça-feira (21), em reuniões de líderes e conversas com o presidente da Câmara. Maia já disse que não tem interesse em indicar nenhum nome para a pasta das Cidades, exatamente porque a medida passou a ser atacada por grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro.
A votação da MP pode ser nesta quarta (22), ou ficar para a próxima semana.
Recriação das pastas
Os ministérios das Cidades e da Integração Nacional faziam parte do desenho do governo no mandato do ex-presidente Michel Temer. Desde que assumiu, Bolsonaro, por meio da medida provisória 870, redefiniu a estrutura da Esplanada, fundindo algumas pastas. Nesse processo, Integração Nacional e Cidades deixaram de ser ministérios independentes.
No entanto, na comissão do Congresso que analisa a MP, parlamentares aprovaram a recriação dos dois ministérios.
A iniciativa gerou atrito com o Palácio do Planalto, que quer manter a atual configuração da Esplanada.
G1 // AO