Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, nesta terça-feira (24), o sócio da farmacêutica Belcher, Emanuel Cartori, disse que não teve ajuda do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) para ter acesso a autoridades do Ministério da Saúde para comercializar a vacina chinesa Convidencia, desenvolvida pela farmacêutica CanSino Biologics contra a covid-19.
“Ele [Ricardo Barros] não me ajudou em nada sobre a vacina, o Brasil todo soube da nossa vacina; para vacina, a gente não precisa nenhuma interferência política, ainda mais se tratando de uma dose”, afirmou o empresário.
A relação da Belcher com o deputado, que é líder do governo na Câmara dos Deputados, foi um dos principais pontos explorados pelos senadores na comissão hoje. Ricardo Barros tem reduto eleitoral em Maringá, mesma cidade onde está sediada a farmacêutica. A CPI investiga o parlamentar por suposto envolvimento em indícios de irregularidades que resultaram no cancelamento do contrato para aquisição da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Sobre Ricardo Barros, o depoente disse que, por serem da mesma cidade, mantém apenas conversas periódicas com o parlamentar. Catori garantiu que, mesmo com a quebra de sigilo telemático solicitada pela CPI, os senadores não encontrarão nenhuma conversa dele com o parlamentar com tratativas sobre a vacina. O empresário também rechaçou a interpretação da cúpula da CPI de que Barros atuou como “facilitador político” da Belcher junto ao governo federal.
Questionado pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a respeito de sua relação com Flávio Pansieri, advogado de Barros, o sócio da Belcher disse que Pansieri foi contratado pela empresa para atuar na "parte regulatória". Já a relação do advogado com Barros foi justificada como "mera coincidência" pelo depoente. Pansieri participou de reuniões com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da negociação de uma parceria entre a empresa farmacêutica e o Instituto Vital Brazil.