Segundo dos cinco filhos do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) se emocionou durante entrevista ao lembrar da facada sofrida pelo pai em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em setembro de 2018.
“Eu vi meu pai indo embora duas vezes, virando os olhos. E tem canalha que olha pra gente e fala que aquela facada foi fake. Você entende a minha raiva?”, disse Carlos ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube, em referência ao momento em que estava com Bolsonaro no hospital.
Dos filhos de Bolsonaro, Carlos é o que tem maior proximidade com o pai e é chamado de “pitbull da família”. Tem até uma tatuagem no braço com o rosto de Jair.
O vereador é responsável pela estratégia de redes sociais do pai desde 2014 e mantém influência até hoje sobre as manifestações de Bolsonaro. Também era o único dos filhos que estava ao lado do candidato no momento do ataque em Juiz de Fora.
O autor confesso do ataque a Bolsonaro, Adélio Bispo, foi preso em flagrante e enquadrado na Lei de Segurança Nacional, porque atentou contra a vida do candidato a presidente. Um inquérito da Polícia Federal concluiu que ele agiu sozinho. Após o Ministério Público Federal apresentar denúncia, ele virou réu na 3ª Vara Federal de Juiz de Fora. O processo foi suspenso depois que a defesa apresentou o laudo que comprovaria a insanidade do agressor, e um procedimento foi aberto para esclarecer a questão.
Um segundo inquérito, ainda não concluído, corre na PF para investigar a possibilidade de outras pessoas terem colaborado com Adélio –o presidente aposta nessa hipótese e já fez cobranças públicas à PF.
'SOU APENAS UM SOLDADO'
A proximidade de Carlos com o pai também ficou evidente em outros episódios recentes, como a presença na cerimônia de posse de Bolsonaro, quando apareceu no mesmo carro do presidente e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Na entrevista, o vereador contou que se ofereceu para ir junto ao desfile poucos minutos antes e que teve a permissão do pai. No entanto, ele nega querer qualquer tipo de destaque.
"Só senti que tinha de estar ali. Não sou estrela, não sou sucessor, não sou nada disso. Só sou um soldado que tô ali para cumprir uma função."
Vereador desde os 18 anos no Rio de Janeiro, Carlos não mostra intenção de buscar outros cargos no Legislativo, como fizeram seus irmãos Flávio e Eduardo –o primeiro passou de deputado estadual no Rio para senador e o segundo, reeleito deputado federal por São Paulo, tem ambições internacionais.
“Tenho um sonho de um dia ir para o meu cantinho, tomar conta da minha vida. Eu me sinto cansado hoje, talvez seja uma coisa de momento.”
Questionado sobre a polêmica em torno da demissão do ex-ministro Gustavo Bebianno, em meio ao escândalo de candidaturas laranjas do PSL revelado pela Folha, Carlos evitou se estender. O filho do presidente disse no último dia 13 de fevereiro em rede social que Bebianno mentiu ao dizer que conversou três vezes com seu pai no dia anterior. O ataque foi endossado por Bolsonaro pouco depois.
“De uma coisa eu tenho certeza. Que essa pessoa [Bebianno] não conversou sobre o assunto citado pelo jornal O Globo naquele dia com o meu pai. Ponto. Não tenho mais nada para falar do assunto.”
Em entrevista à rádio Jovem Pan após a demissão, Bebianno se defendeu e atribuiu sua saída do governo a uma "macumba psicológica" feita por Carlos na cabeça do pai.
O vereador também foi econômico quando questionado sobre a mais recente polêmica do pai, que divulgou relato deturpado de conversa de uma jornalista que investiga o caso de Fabrício Queiroz, o ex-funcionário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) acusado de receber dinheiro de outros assessores do gabinete. O presidente afirmou que a jornalista disse "querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro".
“Não tenho dúvida que o objetivo de toda essa trama é pra atingir o presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Carlos.
Folhapress // AO