O vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou na terça-feira (6) que o Brasil passará barrar a entrada no país de venezuelanos ligados ao regime do ditador Nicolás Maduro. Mourão falou que o Brasil "finalmente conseguiu concretizar" a lista de possíveis barrados.
A afirmação foi feita em Porto Alegre, durante o lançamento do livro "Como destruir um país", de Marcelo Suano, cientista político com trânsito entre os militares. A obra tem prefácio do vice-presidente.
"Nós, aqui no Brasil, estamos cumprindo, a partir de agora, o que estava acordado na reunião do Grupo de Lima de janeiro. Que todos os países têm de ter uma lista daqueles elementos do regime que estão enquadrados em crimes contra a humanidade e também na corrupção e roubo dos recursos do povo venezuelano. O Chile e a Argentina já tinham essa lista de gente que não poderia entrar lá. Mas agora, finalmente conseguimos concretizar a nossa. E essa turma não vai poder sair da Venezuela para vir para cá para o Brasil gastar o dinheiro que roubaram do povo venezuelano", disse Mourão.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, esteve em Lima, no Peru, representando o Brasil em uma conferência sobre a Venezuela. "Toda comunidade internacional precisa enxergar: de um lado o governo constitucional do [autodeclarado presidente interino Juan] Guaidó, de outro o regime genocida de Maduro que sobrevive pela força. Quem defende a liberdade e dignidade humana só tem uma opção: #Fueramaduro", escreveu Ernesto em uma rede social nesta terça.
Araújo, entretanto, não mencionou a lista de barrados anunciada por Mourão. A reunião em Lima terminou sem anúncios de novas medidas contra o regime Maduro. O conselheiro de segurança nacional americano, John Bolton, afirmou que os EUA estão prontos para impor sanções contra quaisquer empresas internacionais que façam negócios com a Venezuela. Apesar do tom, os temores de que os EUA anunciariam um embargo contra a Venezuela durante a reunião não se confirmaram.
Na segunda (5), o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva ordenando o congelamento de todos os ativos do regime venezuelano nos EUA. Ao poupar o setor privado mexicano, a medida deixou de ter o peso de um embargo como o aplicado contra Cuba, por exemplo. Além disso, o fato de a maior parte dos negócios do regime serem hoje ilegais e clandestinos impede a eficácia da medida, segundo especialistas.
Folhapress // AO