Deputado federal eleito com mais de 1 milhão de votos em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) defende que a campanha de Lula (PT) busque os eleitores da terceira via, que optaram pelo voto em Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) ou outro candidato no primeiro turno.
Para sacramentar a vitória, avalia Boulos, é preciso dialogar com esta camada representativa de eleitores e também convencer aqueles que preferiram não se deslocar até as zonas eleitorais e deixaram de votar. Este ano, a abstenção foi superior a 20% do eleitorado.
"Eu acho que nossa campanha vai ter que dialogar com eleitores que apostaram numa terceira via. Uma parte importante desses eleitores, embora não tenha Lula como primeira opção, rejeita Bolsonaro pelo governo trágico. E fazer um diálogo com eleitores que não foram votar. Uma parte expressiva da abstenção foi em regiões onde Lula tem votação maior", adverte Boulos em entrevista à Folha de S. Paulo.
Sobre uma possível guinada do Congresso à direita com o resultado das eleições proporcionais este ano, Boulos reforça que a esquerda também conseguiu, a exemplo dele, eleger representantes "importantes". Ele destaca que os "bolsonaristas" são minoria e mesmo com o avanço da direita, as conquistas eleitorais foram fundamentais.
"Quem imaginaria um líder do movimento sem-teto, muito estigmatizado, seria o deputado mais votado de São Paulo, acima do filho do presidente? Quem imaginaria que se elegeria uma mulher negra trans ou duas mulheres indígenas, um pastor negro de esquerda? Eu não acho que a eleição para o parlamento significou somente uma força da direita, significou também uma força do elemento de renovação da esquerda", assegurou.