Política

Bolsonaro terá de explicar à ONU a alta taxa de mortalidade por Covid no Brasil

A comissão cobra as diretrizes adotadas pelo governo brasileiro no que tange, por exemplo, à garantia do direito à vida

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vai precisar explicar ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a elevada taxa de mortalidade por Covid-19 do Brasil ao longo da pandemia.

Em documento enviado em abril ao Planalto, a comissão cobra as diretrizes adotadas pelo governo brasileiro no que tange, por exemplo, à garantia do direito à vida, como medidas que visam evitar a morte.

Condenado por especialistas pela aposta inicial na tese da 'imunidade de rebanho', o governo Bolsonaro deverá "responder aos relatos de altos níveis de mortalidade da covid-19 e descrever as medidas tomadas para evitar mortes evitáveis".

Na prática, segundo informações de Jamil Chade, do UOL, o Comitê da ONU coloca o presidente contra a parede em uma cobrança mais incisiva. Mesmo sem a capacidade de punir um governante, um parece desfavorável seria um constrangimento internacional de Bolsonaro frente às principais potências mundiais.

O parecer também poderia municiar as denúncias contra Bolsonaro no Tribunal Penal de Haia.

Outras questões sensíveis ao presidente também constam no documento, que pede justificativa os ataques do presidente contra a democracia, a fragilidade do combate à corrupção, o corte de recursos para programas de apoio à mulher, o discurso do ódio por parte das lideranças políticas, a situação dos indígenas, meio ambiente, imprensa, afrodescendentes, violência policial e outras suspeitas de violações. 

O Planalto enviou uma resposta ao Comitê, mas que não incluía informações posteriores a 2018, que engloba justamente o período da pandemia. 

Procurado, o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, explicou que não houve tempo suficiente para atualizar com as novas informações, resposta que foi encarada como irônica e desconfiança por parte dos peritos, que agora questionam a dificuldade do governo em fornecer os dados corretos.