Eleições

Bolsonaro pede empenho e Haddad faz corpo a corpo na reta final de campanha

As candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) adequaram os discursos e táticas para os dois últimos dias da campanha presidencial.

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As candidaturas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) adequaram os discursos e táticas para os dois últimos dias da campanha presidencial. O capitão reformado, que lidera as pesquisas de intenção de voto e esta semana chegou a dizer que estava com a “mão na faixa”, procura conter o excesso de otimismo e pediu ontem empenho dos apoiadores. A campanha petista, por outro lado, investe na reta final do segundo turno numa estratégia de corpo a corpo e convencimento dos eleitores nas ruas. Para evitar possíveis prejuízos eleitorais na votação de domingo, o candidato do PSL reafirmou que será neutro nas disputas pelos governos estaduais, especialmente em São Paulo.

Pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 25, mostrou Bolsonaro com 56% das intenções de voto, enquanto Haddad aparece com 44%. Na comparação com o último levantamento do instituto, a diferença entre os candidatos diminuiu de 18 pontos porcentuais para 12 pontos em uma semana. “Quero neutralidade, porque não está garantida minha eleição no próximo domingo, e a eleição mais importante para quem está do meu lado é a minha”, disse Bolsonaro, que cobrou empenho dos correligionários: “Em São Paulo, por exemplo, a preocupação número um não é eleger um ou outro candidato a governador, e sim somar votos para a nossa candidatura.” Na noite de quarta-feira, 24, em discurso transmitido por seu perfil no Facebook, Bolsonaro já havia reclamado da disputa paulista. “Estou vendo uma briga em São Paulo… em vez de brigar por voto pra mim, fica um (apoiando um) candidato (e outro) apoiando o outro, pelo amor de Deus! O objetivo de vocês é Jair Bolsonaro, depois é (Márcio) França (do PSB) ou (João) Doria (do PSDB)”, disse.

“Uma briguinha que parece que vocês se elegeram por mérito próprio. Com toda certeza, alguns seriam eleitos, (mas) a maioria não.” No Estado, o maior colégio eleitoral do País, Doria associa sua candidatura à do presidenciável do PSL, mas o senador eleito Major Olímpio (PSL) faz campanha para França. Apesar de a desvantagem nas pesquisas ainda ser significativa, a ordem no PT é mobilizar militantes e voluntários nas ruas para tentar virar votos de eleitores que dizem apoiar Bolsonaro. O comando do partido enviou um comunicado para que todos os diretórios se mobilizem nestes últimos dias. Segundo o PT, foram registradas recentemente iniciativas semelhantes e espontâneas – sem a participação de filiados – de centenas de grupos organizados em diversos segmentos pró-Haddad. Alguns petistas comparam o momento com a reta final do segundo turno em 2014, quando o partido acredita que a militância espontânea fez a diferença na disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves (PSDB).

Nas grandes cidades, o PT montou equipes para percorrer as periferias batendo de porta em porta. O objetivo é tentar reconquistar votos que já foram do partido. Isso faz parte de uma mudança de estratégia adotada no início da semana passada. Depois de dez dias “perdidos” no início do segundo turno à espera de uma ampla “frente democrática” que pudesse ampliar a candidatura de Haddad para o centro do espectro político, a campanha decidiu mudar de rumo e reorientar esforços com foco no eleitorado petista tradicional, em especial a população de baixa renda. O resultado na cidade de São Paulo da mais recente pesquisa do Ibope/Estado/TV Globo – na qual Haddad aparece numericamente à frente do adversário, com 51% ante 49% – foi o que mais animou a campanha petista. As promessas de Haddad de reajustar o salário mínimo acima da inflação, aumentar em 20% o valor do Bolsa Família e fixar teto de R$ 49 para o botijão de gás fazem parte dessa reorientação.

Estadão // AO