O discurso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) parece encantar parcela expressiva da população brasileira. No entanto, no Nordeste, o pré-candidato à Presidência não parece ser o preferido. Levantamento divulgado na última semana pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que, entre os nordestinos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue à frente nas intenções de voto e, na ausência dele, não há a liderança isolada de Bolsonaro como opção para o Palácio do Planalto.
E Lula aparece com quase 44% dos votos, contra 14,5% do parlamentar do PSL. A região, inclusive, é a única em que a ex-senadora Marina Silva (Rede) lidera quando Lula fica fora da simulação – ela praticamente dobra nas intenções de voto quando o petista deixa a disputa. Para analistas tarimbados, a empatia do Nordeste por Marina é resultado, entre outras questões, da história de vida da acreana. Vinda do interior da Amazônia, a ex-senadora provoca uma “sensação de espelho” muito bem explorada por Lula ao longo da trajetória política do agora prisioneiro na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Da infância repleta de dificuldades ao estrelado político, Marina e Lula podem ser considerados símbolos da resiliência dos mais pobres, o que explica em parte a preferência que têm no Nordeste – região assolada por mazelas naturais, históricas e sociais. Essa predileção é também diferente dos demais presidenciáveis, que não necessariamente mantêm o mesmo padrão de interlocução com as camadas mais populares. Ainda assim, Marina não chega a ter uma frente respeitável no comparativo com os adversários.
Embora esteja com números muito próximos de Bolsonaro e Ciro Gomes (PDT), que possui como berço eleitoral o Ceará. No entanto, a leitura do escopo da pesquisa desenvolvida pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que, por mais que haja franca expansão dos candidatos de direita, especialmente o caso de Bolsonaro, o Nordeste ainda flerta com a esquerda e não segue o efeito manada observado em outros estados. Considerada um curral eleitoral do petista, a região foi uma das principais beneficiárias das políticas públicas desenvolvidas ao longo dos últimos 15 anos – com exceção do período já sob o comando de Michel Temer (PDMB).
Diante desse comportamento, não foram raras as vezes em que os nordestinos acabaram acusados de errar nos votos. Em 2018, todavia, se o erro for não votar em Bolsonaro, talvez muita gente ache que o Nordeste não é tão ruim quanto pregavam. Em tempo, para evitar processos, a pesquisa ouviu 2.002 eleitores, sendo 539 no Nordeste, está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob número BR-02853/2018. A margem de erro é de 2%.
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