Se por um lado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta que a sua equipe de transição alinhe com o Congresso a PEC que vai permitir romper o teto de gastos para financiar o Bolsa-Família, o governo Bolsonaro ultrapassou o limite imposto por lei em algumas ocasiões nos últimos anos.
Enquanto o texto atual pode permitir um gasto de R$ 198 bilhões fora do teto, Bolsonaro gastou R$ 795 bilhões além deste parâmetro nos últimos quatro anos do seu mandato.
A maior parte das despesas foi direcionada durante a pandemia, quando o Estado precisou ampliar investimentos na área de saúde para internação dos contaminados e também para compra de vacinas contra a Covid-19.
O levantamento que chegou ao valor manobrado pelo governo Bolsonaro foi realizado pelo economista Bráulio Borges, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), a pedido da BBC News Brasil.
Capitaneado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo conseguiu R$ 53,6 bilhões em 2019, R$ 507,9 bilhões em 2020, R$ 117,2 bilhões em 2021 e serão R$ 116,2 bilhões neste ano.
A proposta de Orçamento atual, apresentada pelo governo Bolsonaro, prevê R$ 105 bilhões para o Auxílio Brasil em 2023, valor que garante um benefício mensal de R$ 405 a partir de janeiro.
A expectativa do governo Lula é conseguir viabilizar a PEC e garantir que o Bolsa-Família, que vai substituir o Auxílio-Brasil, fique fora do teto de gastos pelos próximos quatro anos.