Política

Bolsonaro diz que Mandetta não é réu e que só acusação 'robusta' tira ministro do governo

Anunciado para o Ministério da Saúde, deputado do DEM é investigado por suposta fraude em licitação e caixa 2.

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O presidente eleito Jair Bolsonaro, durante entrevista coletiva na sede do TCU, em Brasília â?? Foto: Elisa Clavery/TV Globo

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (20) que o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) não é réu na Justiça e que só acusação "robusta" vai tirar algum ministro do governo.

Mais cedo, nesta terça, Bolsonaro anunciou pelo Twitter que Mandetta será o ministro da Saúde a partir de 2019.

Luiz Henrique Mandetta é investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 em um contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, no período em que foi secretário.

"Tem uma acusação contra ele [Mandetta] de 2009, se não me engano, e não deu um passo o processo ainda. Ele nem é réu ainda. O que está acertado entre nós? Qualquer denúncia ou acusação que seja robusta, [o ministro] não fará parte do governo", afirmou Bolsonaro.
O presidente eleito deu a declaração em uma entrevista coletiva após deixar a sede do Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília.

Também nesta terça, Mandetta concedeu uma entrevista no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona o gabinete de transição, e comentou as acusações contra ele, negando ter cometido irregularidades.

Além de Mandetta:

a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, é investigada por supostamente beneficiar a JBS, o que ela nega;
o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é investigado por suposto recebimento de caixa 2, o que ele nega;
o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, é investigado por supostas irregularidades em fundos de pensão, o que ele nega.
 

Entenda o caso de Mandetta
O sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa) custou quase R$ 10 milhões entre recursos federais e municipais. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou um prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos por serviços não executados.

O futuro ministro relatou que explicou o caso ao presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou que deixou o cargo de secretário de Saúde em 2010 e que um deputado de "oposição" fez as denúncias – Mandetta não citou o nome do parlamentar.

Conforme Mandetta, o projeto sofreu uma "ruptura" por parte da administração que assumiu a prefeitura de Campo Grande em 2013.

"Projeto sofreu uma ruptura por parte da prefeitura que entrou em 2013, foram demitidos todos os técnicos, projeto ficou sem condições de dar continuidade por interrupção administrativa, renovaram convenio e não renovaram o contrato", disse.

Mandetta reconheceu que se sente "desconfortável" pela situação, porém destacou que não é réu no caso. Segundo ele, Bolsonaro entendeu que é mais "importante" no momento contar com a sua experiência administrativa, trânsito político e capacidade de unir o setor da área da saúde.

Outros temas
Saiba outros temas abordados por Bolsonaro após visita ao TCU:

Mais médicos: Bolsonaro voltou a criticar a participação de médicos cubanos no Mais Médicos. Na semana passada, o governo de Cuba anunciou a saída do programa em razão de declarações "depreciativas e ameaçadoras" de Bolsonaro, que afirmou na campanha que iria expulsar os cubanos do Brasil. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, mais de 28 milhões de pessoas ficarão sem atendimento médico com a saída de Cuba do programa, e o Ministério da Saúde já lançou um edital para chamar novos profissionais.

Banco Central: Sobre a possibilidade de pedir ao presidente Michel Temer para indicar Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central ainda este ano, Bolsonaro disse que terá de conversar com o futuro ministro Paulo Guedes.

Visita a Raquel Dodge
Após visitar o TCU, Bolsonaro se encontrou com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na sede da PGR.

Segundo o presidente eleito, foi uma visita de cortesia porque ele tem "profundo respeito" pelo Ministério Público e por Raquel Dodge.

Questionado sobre se manterá a lista tríplice na hora de definir o nome para a PGR, como acontece desde o governo Lula, respondeu: "Isso aí a gente conversa em setembro do ano que vem, mas a princípio nós vamos seguir as normas legais existentes".

G1 // AO