O presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou a jornalista Vera Magalhães, colunista do Globo, durante o primeiro debate de candidatos à presidência, realizado pela Band neste domingo (28).
Bolsonaro se irritou com a pergunta de Vera feita ao candidato Ciro Gomes (PDT) sobre cobertura vacinal a diversas doenças no país, e se ele acreditava que a propagação de informações falsas do presidente sobre a vacina contra a Covid-19 pode ter contribuído para agravar a pandemia.
No seu momento de fazer o comentário, Bolsonaro disparou contra a jornalista e questionou a sua competência.
"Vera, não podia esperar outra coisa de você. Eu acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse o presidente.
Na tréplica, Ciro Gomes evitou críticas diretas a Bolsonaro, mas quis se colocar como o candidato que vai 'reconciliar' o Brasil, citando militantes petistas que carregavam bandeiras na entrada do debate.
"Vocês estão vendo, eu quero reconciliar o Brasil. Enquanto persistir esse nível de agressividade, não vai dar. Ainda agora vi entrando na Band pessoal do PT, batendo bandeira, sabemos onde isso vai dar. Precisamos restaurar a paz", tergiversou Ciro.
A postura, contudo, foi apontada como machista pelas outras candidatas. Soraya Thronicke, do União Brasil, se solidarizou com a profissional e disse não gostar quando homen que são "tchutchucas" com outros homens, mas posam como "tigrão" para as mulheres, de forma agressiva e impositiva.
Em outro momento do debate, a candidata do União Brasil saiu em defesa, em sua fala, de Vera Magalhães.
"Sou muito tranquila, vim na paz, bandeira branca. Só que, quando eu vejo o que aconteceu agora com a jornalista Vera, fico extremamente chateada. Quando homens são "tchutchucas" com outros homens, mas vem pra cima da gente sendo tigrão, fico extremamente incomodada. Lá no meu estado tem mulher que vira onça e eu sou uma delas. Eu não aceito esse tipo de comportamento e de xingamento, e, acima de tudo, disseminar ódio e nos dividir", rebateu Soraya.
A senadora Simone Tebet (MDB), que teve participação avaliada como a de melhor repercussão, segundo o Datafolha, também condenou a declaração do chefe do Executivo que tenta a reeleição.
"Temos que dar exemplo, exemplo que lamentavelmente o presidente não dá quando desrespeita as mulheres, quando fala das jornalistas, quando agride, ataca e conta mentiras, como acabou de fazer. Quero dizer que não tenho medo. Quero dizer que fake news e robôs do seu governo não me amedrontam", disparou.