Quatro anos após criticar o 'toma lá, da cá' na troca de cargos públicos por apoio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu que precisou recorrer à tática para aprovar propostas no Congresso Nacional.
Em participação em um podcast nesta segunda-feira (11), Bolsonaro reconheceu que precisou se mobilizar, mas garante que os acordos não são iguais aos feitos "no passado".
“Para aprovar qualquer coisa, em especial Emenda Constitucional, passa por eles (parlamentares do Centrão). Agora, nosso relacionamento não é como no passado. Alguns cargos foram dados para partidos de centro, sim, não vou negar isso aí. Agora, nós temos filtros”, afirmou.
A declaração vai de encontro ao defendido por Bolsonaro durante sua campanha eleitoral em 2018. Em uma live exibida no dia 27 de outubro daquele ano, por exemplo, quando, com uma Constituição Federal em mãos, avisou que considerava crime a entrega de cargos do governo para partidos políticos.
Na mesma ocasião, segundo informações do Estadão, ele repetiu que poderia ser cobrado caso oferecesse cargos ou ministérios para "comprar voto".
“Qualquer um pode então me questionar que eu estou interferindo no livre exercício do Poder Legislativo”, afirmou, na mesma transmissão ao vivo. Se os partidos cobrarem alguma coisa, eu espero que a grande mídia nos apoie e fale ‘se ele der um ministério para esse partido, ele está então infringindo o artigo 85 da nossa Constituição", disse à época.