O presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu nesta quinta-feira (16) que pode rever a política de preços de combustíveis da Petrobras caso não haja prejuízo para a empresa. Durante transmissão ao vivo nas suas redes sociais, em viagem a Dallas, no Texas, o presidente disse que as pessoas o culpam pelo alto valor da gasolina nas bombas e que o sistema de preços "pode ter algum equívoco". Portanto, declarou, se não prejudicar a empresa, pode ser revisado.
"O pessoal reclama do preço da gasolina a R$ 5 e me culpam, atiram para cima de mim o tempo todo. O preço do combustível é feito lá pela Petrobras. Leva em conta o preço do barril de petróleo lá fora, bem como a variação do dólar. Lógico que se a gente puder rever isso aí sem prejuízo para a empresa, sem problema nenhum, às vezes a política pode ter algum equivoco".
Ao lado do ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia), Bolsonaro perguntou quando o preço do combustível vai cair e ouviu do auxiliar que isso acontecerá quando o país aumentar sua produção de petróleo.
"Temos perspectivas com os leilões que vamos realizar, temos a maior área de produção do mundo e só com produção vamos conseguir reduzir o preço do combustível, do gás", disse o ministro. No mês passado, Bolsonaro interferiu na política de preços da Petrobras e segurou o aumento no preço do diesel estipulado pela empresa -o que causou uma perda de R$ 32 bilhões em valor de mercado para a estatal.
Auxiliares do presidente afirmaram que sua decisão se deu pelo temor de uma nova greve de caminhoneiros que, no ano passado, causou uma grave crise de abastecimento no país. A medida, porém, contrariou a discurso liberal do chefe da equipe econômica do governo, Paulo Guedes, que não concorda com esse tipo de intervenção do governo -na ocasião, o ministro foi surpreendido pela decisão do presidente.
Nesta quinta, Bolsonaro afirmou que o problema dos caminhoneiros é "a falta de frete" e admitiu que a economia do país não vai bem. "Não vou enganar vocês".
Folhapress // AO