Em um debate quase todo marcado por um clima ameno, as duas candidatas mulheres ao Senado da Bahia, Tâmara Azevedo (PSOL) e Raíssa Soares (PL), mostraram disposição de partirem para o embate. Nesta terça-feira (30), elas protagonizaram as cenas mais quente do debate transmitido pelo site G1, principalmente quando se confrontaram sobre questões como a pandemia de Covid-19, armamento da população e direito à terra.
Tâmara, que se dirigiu em diversos momentos à Raíssa como "Doutora Cloroquina", questionou a posição da médica e ex-secretária de Saúde de Porto Seguro de apostar no 'kit covid' como política pública para tratar a doença, mesmo com as provas de que era inútil para este propósito.
"Nessa briga política foi a Bahia que perdeu. Como você se sente ter ajudado a encorajar milhões de pessoas a não se vacinarem?", indagou.
"Em 2020 não tínhamos nenhuma outra alternativa ou opção", justificou Raíssa, alegando que Porto Seguro foi 'modelo' para outras cidades baianas no enfrentamento da doença.
"Em relação à Covid-19, Porto Seguro foi modelo no enfrentamento à Covid. Infelizmente a CPI da Covid não deu em nada. Foi um desserviço à população brasileira. Quando se precisava investigar direito, nada disso foi questionada", completou.
A candidata do PSOL também perguntou a Doutora Raíssa sobre o armamento da população civil, incentivado pelo presidente Jair Bolsonaro. O número de registro de CAC's aumentou mais de 400% desde que o novo governo assumiu.
Representante de Bolsonaro na briga pelo Senado na Bahia, a mineira alegou que foi o armamento que deu maior segurança à população baiana na zona rural.
"O armamento civil liberado para nossos pecuaristas reduziu a violência no campo. Um senador precisa fiscalizar o executivo. Um senador interessado na Bahia vai cuidar disso. O cidadão comum, de bem, que quer fazer seu direito a seu armamento é liberdade", responde Raissa, que também citou valores 'cristãos' como base da sua política.
A psolista rebateu Raíssa e disse que em seu discurso é possível ver os sinais e "intolerância" e falta de respeito à vida. Ela destacou que os conflitos nas áreas rurais têm se intensificado, principalmente quando envolve a questão indígena no que se refere às terras demarcadas previstas pela Constituição.
"É interessante ver quanto essa gente opta pela violência, pelo ódio. É interessante ver como no sul da Bahia vocês têm estimulado a violência. Você vai ser a senadora da arminha e ainda se diz cristã", disparou Tâmara.
Na tréplica, Raíssa respondeu que quem invade Terras Indígenas no Sul da Bahia é o MST, que se associa a partidos políticos, entre eles o PSOL.
"Não sou candidata da violência. Sou cristão e defendo a liberdade. Quem está invadindo terra é o MST, o PSOL, o PT. Meu nome é Raissa Soares", diz Raissa, na tréplica.
Na sua vez de perguntar à Tâmara, a postulante do PL perguntou se a adversária faria leis em favor da família e citou atos de militantes do PSOL. A gestora pública respondeu chamando a médica de intolerante e defendendo as minorias sociais.
"Só na sua pergunta se observa o grau de intolerância, de não respeito à diversidade. É importante que a gente possa garantir uma sociedade mais justa, humana, mais igual, onde todas as formas de amor sejam respeitadas […] cabe à gente, no Senado, garantir leis que resguardem a liberdade de cada cidadão, dentro do respeitável para a sociedade. Importante dizer que LGBT é gente, mulher que não se coloca com bandeira feminina e não machista, misógina, é gente, indígenas e negros são seres humanos e precisam ser respeitados em sua totalidade. Independente de religião e de grupo político", assegurou Tâmara.
Raíssa negou ser intolerante e disse que tinha "amigos LBGT que são fantásticos".