Política

Auditoria secreta do TCU revela gastos miolionários no cartão corporativo de Bolsonaro

Somente em viagens, as despesas ultrapassam os R$ 16 milhões

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Colocado sob sigilo de 100 anos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), os gastos do cartão corporativo da presidência foram revelados após a Veja ter acesso a uma auditoria secreta do Tribunal de Contas da União (TCU).

As faturas obtidas revelam que as despesas somam no total cerca de R$ 21 milhões. Somente com viagens, Bolsonaro e equipe gastaram R$ 16 milhões, no período entre janeiro de 2019 e março deste ano.

Para evitar que os dados sejam vazados, o governo determinou que a planilha com todos os gastos descritos fique armazenada sem nenhuma conexão com a internet.

Desde a sua posse, Bolsonaro já utilizou R$ 2,6 milhões do cartão corporativo somente para a compra de alimentos para a sua residência oficial e a do vice, o general Hamilton Mourão.

A média é de R$ 96,3 mil por mês – quase igual ao valor gasto pelo ex-presidente Michel Temer em sua gestão, que tinha uma média de R$ 97 mil. O documento não traz detalhes sobre os itens que foram comprados.

O que mais chama atenção do TCU, entretanto, é o montante gasto com as viagens do presidente, vice e comitivas. São R$ 16,5 milhões em hospedagem, alimentação e apoio operacional. É comum que tanto Bolsonaro quanto Mourão viagem com suas famílias, o que não é ilegal, mas também está incluso nas despesas do cartão.

Os filhos de Bolsonaro são figuras comuns nas viagens, assim como outros políticos que apoiam o governo, como o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido como Hélio Negão.

Para o tribunal, não há justificativa para que dinheiro público seja gasto com deslocamentos particulares de pessoas que não compõem o círculo familiar do presidente. Sem citar nomes, a investigação também apontou como questionáveis o fato de a aeronave presidencial ter levado convidados para o casamento de Eduardo Bolsonaro, em maio de 2019, e de parentes por afinidade de Bolsonaro pegarem carona e terem tido hospedagem paga com recursos públicos quando o mandatário descansava no Guarujá no réveillon de 2021. 

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), o senador Roberto Rocha (PTB-MA) e o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-AGU, André Mendonça, estão entre outros nomes que teriam pego 'carona' no avião presidencial.