Durante a sessão ordinária realizada pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) na tarde desta quarta-feira (8), uma movimentação nos bastidores chamou a atenção. Na ocasião, foram aprovadas propostas de autoria dos parlamentares. No entanto, uma foi retirada de pauta por falta de acordo entre as lideranças.
Estava prevista a votação da matéria que concederia ao prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Júnior Marabá (UB), o Título de Cidadão Baiano. Mas o texto não foi apreciado porque o deputado Alan Sanches (UB), que exercia a função de líder da oposição durante o debate, não assinou a dispensa de formalidades para que o projeto fosse apreciado pela Casa.
Marabá é natural de Rio Verde, no estado de Goiás.
A origem
O obstáculo colocado pelo líder oposicionista tem raízes que remetem a eleições passadas e futuras. Nas eleições municipais de 2020, Marabá recebeu o apoio de ACM Neto em sua primeira eleição para prefeito de Luís Eduardo Magalhães. Na eleição para o governo do estado em 2022, Marabá apoiou e fez campanha para Neto na região oeste da Bahia.
Já no ano passado, quando Marabá foi reeleito, a parceria esfriou. O gestor passou a fazer gestos de aproximação com o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e tecer elogios publicamente ao chefe do Executivo baiano.
A agenda do governo do estado na região oeste, e em especial na cidade administrada por Marabá, tem sido intensificada nos últimos meses. A parceria tem ganho contornos de aliança de olho nas eleições de 2026.
A barreira
Diante do entrosamento entre Marabá e o governo petista, aliados de ACM Neto na Alba colocaram em prática o ponto de obstáculo para a homenagem que o deputado Antônio Henrique Júnior (PP) queria fazer ao prefeito de Luís Eduardo Magalhães.
Coube a Alan Sanches, no exercício da liderança da oposição, externar a contrariedade ao texto.
“Eu estive analisando alguns discursos que mais parecem missas encomendadas. Começaram a falar de ACM Neto. Até aliados. Eu gostaria de saber destas pessoas se elas teriam a mesma coragem de levantar qualquer tipo de questionamento da personalidade de ACM Neto se ele não estivesse há seis anos sem mandato, se fosse prefeito da capital ou governador do estado”, disse o parlamentar em seu discurso.
Sanches também rememorou uma recente entrevista concedida por Marabá em que o gestor alegou a ausência de uma ligação de Neto após fazer carreata para o então candidato ao governo da Bahia em 2022.
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O deputado, inclusive, elevou o tom:
“Agora, pelo amor de Deus. Querer falar que Neto fez uma carreata e no dia seguinte não ligou… vai tomar banho. É carência? Vai arranjar uma mulher. Vai pedir ao filho um abraço. Não é dessa forma que se faz política. A política é feita com gesto”, afirmou.
A ingratidão
De acordo com o legislador, falta ao prefeito de Luís Eduardo Magalhães o sentimento de gratidão.
“Eu acho que a gente não pode agir dessa forma. Eu acho que o Júnior Marabá deveria ser grato. Em 2022, ele não fez carreata porque achava ACM Neto bonitinho. Foi porque ACM Neto era virtualmente o candidato que ganharia aquelas eleições. E a região dele [oeste da Bahia] é preferencialmente da direita e da centro-direita. Da mesma forma que ele ajudou ACM Neto, ACM Neto ajudou ele para que em 2024, mais uma vez, fosse reeleito prefeito. Mas as pessoas têm a memória curta. Acho que um casamento se desfaz, as amizades podem, também, ser desfeitas. Mas você esquecer tudo que construiu com a aquela pessoa, isso não deve acontecer”, discursou.
Ao fim do seu discurso na tribuna do plenário da Alba, Alan Sanches declarou abertamente seu posicionamento contrário ao projeto que daria o Título de Cidadão Baiano ao prefeito de Luís Eduardo Magalhães.
“Serei contra. Não sei nem quem é o autor. Não darei, porque não vou entrar nessa missa encomendada do governo. Mas serei contra. Se depender de mim, nessa Casa, ele não receberá esse título”.
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