A assessoria de imprensa da Presidência da República alega que as transações suspeitas não têm origem em dinheiro público. À Folha de São Paulo, afirma ainda que os saques foram realizados, ao invés de transferências bancárias, por uma questão de segurança.
Na noite de segunda-feira (26), a Polícia Federal encontrou no telefone do principal ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro (PL) mensagens que levantam suspeitas de investigadores sobre transações financeiras feitas no gabinete da Presidência. Conversas por escrito, fotos e áudios trocados pelo tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid com outros funcionários da Presidência sugerem a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.
"Todos os recursos não têm origem no suprimento de fundos [cartão corporativo]. O presidente nunca sacou um só centavo desse cartão corporativo pessoal. O mesmo está zerado desde janeiro de 2019", afirmou a assessoria. "Os saques foram feitos na conta do presidente", informou a assessoria.
O material analisado pela PF indica que as movimentações financeiras se destinavam a pagar contas pessoais da família presidencial e também de pessoas próximas da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
A assessoria aponta que Cid realizou saques da conta pessoal de Bolsonaro e repassou para uma tia de Michelle, que eventualmente trabalha como babá da filha de Bolsonaro, além do custeio de outras despesas presidenciais, por motivo de segurança, para não expor a conta pessoal do presidente.
"O dinheiro é sacado da conta dele e o depósito é feito na conta da tia (que atua como babá). Por motivo de segurança, não havia transferência de conta a conta. Sacava o dinheiro para a conta dele não ficar exposta com o nome dele no extrato de outra pessoa", afirmou a Presidência.
"Todos esses gastos são pessoais e diários da Michelle. Cabeleireiro, manicure, uma compra no site de roupa e outras coisas. A opção foi não colocar a conta do presidente no extrato da manicure, da fisioterapeuta ou outros gastos diários de uma família com 5 pessoas", afirma a assessoria.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou nas últimas semanas a quebra de sigilo bancário de Cid, atendendo a um pedido da PF, que busca descobrir a origem do dinheiro e se há uso de verba pública.