Após mais de seis horas de debates, a audiência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Câmara dos Deputados foi encerrada abruptamente na noite desta quarta-feira após bate-boca acalorado com deputados. O ministro saiu da sessão acompanhado por agentes da Polícia Legislativa e logo deixou a Câmara rumo ao prédio do ministério.
Precipitou o fim repentino da sessão a troca de xingamentos entre Guedes e o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-deputado José Dirceu.
Antes de subir o tom com o ministro, Dirceu questionava Guedes se a equipe econômica havia considerado fazer outras reformas. O parlamentar seguia linha de argumentação parecida com a de outros deputados da oposição, solicitando que o ministro fornecesse mais dados sobre as projeções que basearam a proposta de reforma da Previdência .
Quais foram as projeções e estudos que levou vocês a decidirem priorizar a reforma da Previdência, que é tão cruel com os mais pobres, em vez da reforma bancária, dos seus amigos banqueiros? Em vez de combater o que o senhor colocou aqui hoje, que o país privilegia os rentistas? Por que não começar por isso, senhor ministro? — questionou o deputado.
Mas depois Dirceu disse que Guedes agia como um "tigrão" para mexer no direito de trabalhadores, mas "tchutchuca" para alterar regras para o sistema financeiro.
— Eu estou vendo, ministro, que o senhor é tigrão quando é com os aposentados, com os idosos, com os portadores de necessidades. O senhor é tigrão quando é com os agricultores, os professores. Mas é tchutchuca quando mexe com a turma mais privilegiada do nosso país. A sua função, o cargo público que o senhor ocupa exige outra postura. O que o senhor precisa aqui…
Guedes se ofendeu e respondeu, fora do microfone:
— Tchutchuca é a mãe, é a avó, respeita as pessoas. (…) Isso é ofensa. Eu respeito quem me respeita. Se você não me respeita, não merece meu respeito.
O Globo /// Figueiredo