A justificativa do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para não apoiar a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MEC neste ano de eleição desagradou à oposição. Apesar do argumento do possível fim eleitoreiro, no passado este não foi um empecilho para abertura de uma CPI.
Em 2006, durante o governo Lula (PT), foi instalada a CPI Mista dos Sanguessugas, a pouco menos de quatro meses da eleição presidencial. O objetivo era investigar um esquema de fraudes em licitações para compra de ambulâncias com recursos do Ministério da Saúde. Os trabalhos prosseguiram até o mês de agosto, durante a campanha eleitoral.
O relator na época, o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), foi o presidente da CPI. Segundo o parlamntar, ele foi escolhido pelo partido por ser um ano de eleição, uma vez que outros parlamentares preferiram evitar se desgastar.
Ele afirma que o resultado da CPI foi bom, com 69 deputados e 3 senadores indiciados. Nenhum deles foi cassado, segundo informações da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
"Qualquer argumento contra a instalação de uma CPI é absurdo. Tudo tem cunho político no Congresso", afirma Biscaia.
O presidente do Senado na época, Renan Calheiros (MDB-AL), criticou o fato da CPI ser em um ano de eleição, opinião contrária a que tem hoje.
"A CPI, além de ser instrumento constitucional da minoria, com a sua instalação desmonta os esquemas de corrupção. O Rodrigo Pacheco está ajudando a passar a boiada no Senado e repetindo o que fez na CPI da Covid. O Bolsonaro não pode deixar de ser investigado porque ameaça com retrocesso ou compra parte do Congresso ou decreta sigilo de 100 anos", afirma o emedebista