O ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, virou alvo da Polícia Federal (PF) por uma suposta tentativa de interferência nas eleições de 2022.
Torres, às vesperas do segundo turno, viajou à Bahia sob pretexto de reforçar o contingente da corporação no estado contra supostos crimes eleitorais – como compra de votos, por exemplo.
Na ocasião, de acordo com a colunista Andreia Sadi, do G1, Torres pediu pessoalmente à superintendência da PF no estado que atuasse em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), para fazer a fiscalização comum de rodovias. No entanto, segundo investigadores ouvidos pela jornalista, o objetivo era interromper o fluxo de eleitores na região a fim de prejudicar a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A viagem de Torres à Bahia foi vista com estranheza por integrantes da Polícia Federal, pois foi sem agenda prévia ou pauta marcada junto à superintendência da PF no estado. Mas, ele não foi só: estava acompanhado pelo então diretor-geral da PF, Marcio Nunes.
Na Bahia, Torres se reuniu com Leandro Almada, ex-superintendente da PF no estado, e outros integrantes da PF. Na ocasião, Torres pediu que a PF atuasse nas ruas junto com a PRF no dia do segundo turno, para reforçar a operação e coibir eventuais crimes eleitorais. Depois do encontro, a equipe do ex-ministro encaminhou um documento com uma lista de cidades em que o efetivo policial deveria ser reforçado – em cidades, por exemplo, em que Lula havia sido o candidato mais votado no primeiro turno.
Este documento, como revelado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, foi elaborado pela delegada Marília Ferreira Alencar, que na época atuava no Ministério da Justiça e, posteriormente, foi trabalhar com Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF. Alencar é investigada pela PF, por suspeita de ter agido para esconder provas relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Contudo, Apesar da orientação, a superintendência da PF na Bahia simplesmente ignorou Torres e Marcio. As ordens não passavam de mais uma tentativa de interferência política na PF- o que foi blindado por Almada e a equipe que ele comandava na Bahia.