O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou negar a sua relação com o ex-deputado e líder do PTB, Roberto Jefferson, que reagiu à prisão pela Polícia Federal neste domingo (23), após ofender a ministra Carmén Lúcia por voto favorável pela punição da rádio Jovem Pan por veicular fake news.
Ele deu 20 disparos de fuzil e arremessou duas granadas contra os agentes que cumpriam mandado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).Dois policiais ficaram feridos.
Logo após o atentado, Bolsonaro declarou sobre Jefferson: "Não tem uma foto comigo".
Não demorou para que a rede social recuperasse fotos de ao menos três encontros entre os políticos que desmentiam a versão do presidente.
Roberto Jefferson foi condenado por corrupção no caso do "Mensalão", em 2005, e conhecido na época por delatar o esquema.
À época, foi da base do governo petista, mas deu uma guinada radical à extrema-direita e se tornou um apoiador importante do presidente Bolsonaro.
O carioca já havia sido preso por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo uma ameaça de morte direta ao ministro Alexandre de Moraes, em um vídeo que aparece armado com duas pistolas. Por motivos de saúde, teve direito a cumprir pena em regime domiciliar.
Ao saber do caso, Bolsonaro comunicou o envio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para acompanhar a situação no Rio de Janeiro.
Mais tarde, o chefe do Executivo emitiu uma nota em repúdio ao ataque de Roberto Jefferson, mas condenou a suposta irregularidade na operação que prendeu o ex-deputado e atual apoiador.
"Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Cármen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, escreveu ele em seu perfil.
O deputado federal André Janones (Avante), que tem feito frente à ofensiva digital bolsonarista pelo lado da campanha do ex-presidente Lula (PT), acusa Roberto Jefferson de ser um dos coordenadores "informais" da campanha de Bolsonaro. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, negou.
Em 2020, o ex-deputado lembrou a relação próxima entre os dois quando Bolsonaro foi deputado, em entrevista ao UOL.
"O Bolsonaro é o meu amigo pessoal. Guardamos isso do passado", disse o petebista, que negou estar naquele momento vinculado politicamente a Bolsonaro.
"Ele [Bolsonaro] foi o meu liderado na Câmara. Eu era o líder do PTB e o Bolsonaro era o liderado meu na bancada do PTB. Depois ele deixou o partido e foi para o PP. Mas o que eu posso dizer do Bolsonaro é que ele é um homem correto, simples, humilde. E eu não estou próximo a ele. Mas fiquei muito indignado de vê-lo apanhar como vem apanhando, sem vozes a defendê-lo", completou.
SOLDADO
Para o secretário-geral da Presidência, o general Luiz Eduardo Ramos, Jefferson pode ser considerado um "soldado" aliado na 'luta pela democracia', apesar do ex-deputado defender o fechamento do STF em algumas oportunidades.
Em agosto de 2021, dez dias antes de o ex-presidente do PTB ser preso pelas ameaças a ministros do Supremo, o general Luiz Eduardo Ramos publicou uma foto ao lado de Jefferson e um texto em sua defesa.