Política

Advogado baiano cotado para órgão federal fez doação milionária à políticos em 2022, diz jornal

Edvaldo Nilo de Almeida gastou do próprio bolso para doações a candidatos ao Legislativo

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado

O advogado baiano Edvaldo Nilo de Almeida, cotado para ocupar uma vaga no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) na vaga destinada à Câmara dos Deputados, fez uma doação superior a R$ 1 milhão, do próprio bolso, a candidatos ao Poder Legislativo nas eleições do ano passado.

De acordo com a Folha, foram R$ 1.049.000 distribuídos a 19 candidatos de legendas como PT, PL, Republicanos, União Brasil, MDB, PSD, PSB e PSDB. No entanto, esta não é a primeira vez que ele, vindo de uma família de políticos, doa para candidatos em eleições. No pleito de 2020, ele doou apenas R$ 50 mil a um candidato, e na de 2018, R$ 150 mil a três.

Ainda conforme a publicação paulista, a multiplicação nos valores destinados a campanhas aconteceu após Nilo ter concorrido à vaga do CNMP relativa ao Senado, e ter sido derrotado.

Em 2020, ele foi indicado ao cargo pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e outros 13 líderes à época. Acabou perdendo para Engels Augusto Muniz, ex-chefe de gabinete da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República de 2016 a 2018, na gestão Michel Temer (MDB).

Do total de mais de R$ 1 milhão que tirou do bolso, quem mais recebeu foi seu tio, o ex-deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos-BA), com R$ 200 mil. Outro deputado baiano e um dos parlamentares mais influentes da Câmara, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), ficou com R$ 150 mil.

Questionado, Nilo afirmou ainda que, em relação às doações, sempre foi um ativista político. "Entendo que a política na democracia é que pode mudar a sociedade. Sempre fui filiado a partido e quase cheguei a ser candidato a cargo parlamentar 20 anos atrás, mas acabei sendo aprovado em todos os concursos públicos que fiz e fui para outro caminho."

Além de Nilo, concorrem ao CNMP a ex-integrante do CNJ Maria Tereza Uille Gomes e a advogada Ana Luisa Marcondes.

Entenda o processo

São os líderes da Câmara que indicam os candidatos a essa vaga no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) ao presidente Arthur Lira (PP-AL). Depois, os deputados elegem um dos concorrentes por meio de voto secreto.

A votação para o CNMP deve acontecer em conjunto com a do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em agosto. Atualmente, o representante da Câmara no CNMP é o advogado Otávio Rodrigues, que tenta se viabilizar ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O CNMP cuida da fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público e de seus integrantes. O conselho tem inclusive o poder de aplicar a pena de demissão de procuradores.