Política

A posição dos militares do Brasil na crise: não há tolerância para qualquer golpe

As forças negam qualquer possibilidade de intervenção militar, mas questionam ações de outros poderes que dificultam a governabilidade do presidente

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Militares da alta cúpula do Exército têm definido o clima em Brasília como “um verão que começa a esquentar um pouco mais”. O aumento da temperatura é explicado por uma série de iniciativas que, na visão dos fardados, procuram não apenas conter os arroubos do presidente Jair Bolsonaro como, de fato, diminuir os seus poderes e impedir a sua governabilidade.

Essa percepção ficou clara quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a posse de Alexandre Ramagem, amigo de Bolsonaro, no comando da Polícia Federal.

Para os militares, não caberia à Suprema corte invadir uma prerrogativa do presidente da República. Causou ainda especial irritação a decisão de dar seguimento a um pedido de apreensão do celular do presidente e de investigar o ministro da Educação por causa de suas declarações feitas durante uma reunião privada – Abraham Weintraub defendeu a prisão de ministros do Supremo.

Dias depois, vazou uma mensagem do ministro Celso de Mello fazendo comparações sobre a atual situação no país ao nazismo de Hitler. “Nesse caso, não houve punição nenhuma. As situações são semelhantes”, afirma um importante militar.

O Congresso Nacional também é lembrado nas críticas por causa da série de pedidos de impeachment contra o presidente e pelas ações impetradas no Supremo contra medidas tomadas por Bolsonaro – o cálculo é que há, em média, uma ação direita de inconstitucionalidade (Adin) apresentada por semana para derrubar propostas do presidente.

Por causa de todo esse repertório, um importante ministro da ala militar afirma que, se há algum golpe em curso, ele vem dos outros poderes. “Não há nenhuma chance do que chamam de golpe, inclusive de golpes que tentar impedir o presidente de governar.

 

Veja/// Figueiredo