O recepcionista de um hospital particular no bairro de São Marcos, em Salvador, recebeu voz de prisão por desacato a autoridade ao solicitar a documentação e o plano de saúde de um policial militar que chegou baleado à unidade. O caso aconteceu na quinta-feira (1º).
O episódio foi filmado por uma das pessoas que estavam na recepção da unidade de saúde, enquanto aguardava atendimento. Ao menos quatro PMs aparecem no vídeo. Todos estão armados. "Você é maluco? Cobrando plano, não sabe que polícia tem plano, rapaz? O cara chegou baleado e você cobrando negócio de identificação, rapaz!", disse um policial ao funcionário do hospital.
No vídeo, o recepcionista responde: "Eu falei com toda educação".
Outro militar reclama do pedido de identificação e ameaça usar a força para conduzir o homem à delegacia. O PM pergunta, ainda, se o funcionário é "maluco" e o chama de palhaço.
"E chamou o policial aqui de folgado. Me chamou de folgado. Desacato. Bora, bora quem vai prender ele sou eu. Bora, vai ser conduzido pra delegacia. Bora levar. A gente usa a força", dizem os policiais ao recepcinista, que é tirado da cadeira onde trabalhava, puxado pelos braços, por um dos agentes. "Tá procurando palhaçada, seu palhaço!", diz um policial ao rapaz.
Por meio de nota, a Polícia Militar disse que um dos policiais envolvidos na situação, em relatório, informou que foi ofendido pelo recepcionista do hospital e deu voz de prisão. A nota diz ainda que o homem se retratou com o militar e, por isso, não foi conduzido à delegacia. Desacato a autoridade não é considerado crime desde o ano passado, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A assessoria do hospital atribuiu o incidente entre o funcionário e o militar como "nervosismo do momento". A polícia disse ainda que o vídeo que mostra a confusão será encaminhado para a Corregedoria da PM, para ser analisado.
O PM foi baleado no pé, no mesmo bairro, momentos antes da confusão no hospital. Ele, juntamente com um grupo de policiais, realizava rondas na região quando foi surpreendido por um grupo de homens armados, que atirou contra eles.
Reprodução/G1