Uma mulher de Salvador, que não quis ser identificada, recebeu, na última semana, a ligação de um suposto funcionário da Vivo, operadora de celular da qual é cliente, informando que ela tinha sido sorteada para ganhar um prêmio de R$ 10 mil e dois aparelhos de celular.
O suposto vendedor, que ligou de um número com DDD de outro estado e se identificou como João Vítor, orientou que ela fizesse uma transação bancária para que pudesse receber o prêmio.
Após depositar quase R$ 2 mil na conta dos bandidos, ela se deu conta de que tinha sido vítima de um golpe. Ao tentar desmascarar o falsário, ela teve uma surpresa: o suposto representante da operadora iniciou uma chamada de vídeo e mostrou, pelo celular, que estava dentro da cadeia.
Golpe
Na primeira ligação, o bandido informou à mulher todos os dados dela, inclusive, informações sobre os pacotes e as linhas que ela tinha no próprio nome. Para tentar convencê-la, o golpista sugeriu que ela abrisse o site da operadora, que mostrava anúncios sobre uma promoção e depoimentos de ganhadores.
Em seguida, o bandido pediu que ela fosse ao banco e imprimisse um extrato bancário no caixa eletrônico. Depois, ele solicitou informações como data, a hora e número final do terminal do caixa eletrônico onde ela retirou o extrato.
Logo depois, ele pediu que ela fizesse uma transação bancária com um código que, na verdade, se tratava dos valores de uma transferência. "Ele me deu um código que seria o meu código de cliente, que era 99971", disse.
Este número, na verdade, era o valor, em reais, que a vítima estava transferindo para a conta do bandido. A vítima só percebeu que tinha sido vítima de um golpe ao acessar a conta bancária e perceber que havia transferido os valores para a conta informada pelo falsário.
Para tentar desmarcarar o bandido, ela passou o contato dele para uma prima, que ligou e fingiu ser mais uma vítima do golpe. Ele orientou a segunda mulher a fazer o mesmo procedimento, no entanto, ela apenas fingiu que havia se dirigido ao caixa eletrônico e revelou a ele que sabia que se tratava de uma farsa.
Ele zombou da mulher e iniciou uma chamada de vídeo com ela. Nas imagens, gravadas pela prima da vítima, ele mostra que está dentro de uma cela.
A vítima, agora, tenta recuperar os R$ 2 mil depositados na conta do bandido. Ela procurou o banco, que informou que não há meios de recuperar o dinheiro, já que ela efetuou uma transação por livre e espontânea vontade.
A instituição informou que iniciou uma investigação para identificar o usuário da conta que ela transferiu o dinheiro, já que se tratava do mesmo banco da vítima.
Ela também questionou à operadora o motivo do bandido ter acesso aos dados dela. Em nota, a Vivo informou que nenhum funcionário da operadora faz contatos com clientes via telefone para informar sobre prêmios.
O advogado especialista em direito do consumidor Francisco Groba, alerta que a vítima que se sentir lesada pela operadora pode procurar um advogado para ajuizar uma ação e tentar receber o valor que transferiu, mais uma indenização por danos morais por todo o ocorrido. O jurista orientou, ainda, que o consumidor pode entrar com uma ação contra o banco.
G1 // AO