Polícia

MP identifica fraude em resultado de partida pela primeira vez

Indícios obtidos pelo MP sugerem que o jogo foi armado para terminar com derrota

Felipe Oliveira/EC Bahia
Felipe Oliveira/EC Bahia

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) encontrou indícios de que jogadores venderam o resultado do primeiro tempo de uma partida do campeonato estadual, no início do ano. O operação Penalidade Máxima, do do órgão goiano, já tem indícios de que, em ao menos uma partida, a negociação foi mais ampla, com influência direta no resultado.

Segundo o Jornal Nacional, a partida em que estão foi o confronto entre Goiás e Goiânia, disputado em fevereiro deste ano. Transcrições de conversas por aplicativos, depósitos bancários e comprovantes de apostas obtidos pelo MP-GO sugerem que o jogo foi armado para terminar com derrota do Goiânia ao fim do primeiro tempo – a partida acabou em 2×0 para o Goiás.

Na véspera da partida, conforme o site ge.com, Bruno Lopez, apontado pela operação como líder do esquema de manipulação, negocia com Denner Barbosa, jogador com contatos no futebol goiano, mas que na época atuava no Operário de Várzea Grande, time do Mato Grosso do Sul. Nos diálogos, Denner sugere que tem um time em Goiás com toda a defesa cooptada. E sugere a derrota no primeiro tempo ao apostador.

Duas horas depois, a conversa é retomada. Denner assegura que fez um acordo com os jogadores do Goiânia. Bruno diz que o negócio está fechado e oferece R$ 10 mil para cada jogador. Na sequência, envia o comprovante de um depósito de R$ 20 mil na conta de Denner como adiantamento do negócio. No dia seguinte, após o jogo, a dupla volta a se falar. E eles comemoram o resultado. 

Bruno Lopez está preso preventivamente e, por sua vez, Denner Barbosa foi interrogado pelo Ministério Público no dia 25 de abril, mas não foi denunciado. Procurado, o advogado do jogador disse que Denner fingiu que participaria do esquema para receber um dinheiro de uma dívida antiga que Bruno Lopez tinha com ele. E que Denner encerrou o contato com o Bruno logo após de enviado o comprovante. Em nota, a defesa afirma que vai provar a inocência do atleta.

Investigações

Dos 16 réus da fase atual da investigação, sete são atletas, também de acordo com o ge.com. O lateral-esquerdo Pedrinho e o volante Bryan Garcia, ambos do Athlético Paranaense, também não aparecem na denúncia. Mas o clube decidiu nesta sexta-feira (12) rescindir o contrato com eles. Na operação, os nomes dos dois atletas constam numa planilha de apostadores.

O advogado de Pedrinho disse que ele não nunca teve contato com indiciados da operação e está à disposição das autoridades. A defesa de Bryan Garcia disse que não vai se pronunciar.

A direção do Goiânia declarou que ainda não teve acesso ao processo – e que espera que as investigações punam quem tenha cometido qualquer crime.