A família de um dos oito jovens baleados em ataque durante um "paredão", tipo de festa em ruas da periferia com som automotivo, no bairro de São Caetano, em Salvador, falou sobre a situação. Álisson Silva Carmo Pires, de 24 anos, está internado no Hospital Geral do Estado (HGE). O caso aconteceu durante a madrugada desta segunda-feira (10). Segundo a polícia, três homens chegaram atirando no local, e oito jovens com idades entre 20 e 27 anos acabaram baleados. Um deles, identificado como Jodmarlei Jesus Lima Brandão, 25, não resistiu e morreu no HGE.
A mãe de Álisson, Alexandra Jesus, que mora na cidade de Rio Real, a 200km da Salvador, chegou à capital no início da manhã desta segunda, após saber que o filho estava hospitalizado. "Ligaram para meu esposo. A gente estava dormindo, e meu esposo sempre me poupa das notícias ruins. Só que eu vi que ele estava estranho, nervoso, eu levantei e perguntei o que foi. Ele nem quis me falar o que aconteceu, porque sabia que eu ia me desesperar. Eu vim para cá assim que pude", disse Alexandra, como reagiu ao saber da notícia.
Alexandra conta ainda que a família está confiante na recuperação de Álisson. O jovem é casado, tem uma filha e completará 25 anos na quinta-feira (23).
"Eu sei que Deus vai me dar a vitória. Sei porque eu creio e confio no meu Deus e sei que ele está agindo apesar da minha dor. Álisson tem uma filhinha para criar, é trabalhador, é honesto, é digno da vida que ele tem. Tudo o que ele tem é pelo esforço e trabalho dele. Ele é trabalhador, todo mundo aqui pode dizer. Jamais se envolveu com nada errado, é uma pessoa de caráter", disse Alexandra.
A avó de Álisson, a aposentada Maria das Dores, que mora no local e viu toda a situação, relembra os momentos de aflição para prestar socorro ao jovem. Foi ela quem pediu ajuda quando o neto entrou em casa gravemente ferido, e conta que Álisson não estava no meio da festa.
"Ele estava [na porta] olhando a festa, não estava lá no meio. Eu ainda disse: ‘Meu Deus, eu preferia que meu neto estivesse lá, porque quem estava na muvuca [confusão] não foi ferido. Só foi ferido quem estava na porta olhando. Eu não sei como começou e nem por que, porque não teve briga, não teve nada. Eu só vi um braço dando vários tiros. Nos primeiros tiros, meu neto já entrou na minha casa falando: ‘Minha vó, eu fui baleado’. Aí ele foi se deitando no chão, e eu já vi no umbigo um buraco da bala e o outro nas costas", conta a idosa.
O carro de um morador, que estava estava estacionado em frente à casa da avó de Álisson, teve os vidros quebrados por causa dos disparos de arma de fogo. A idosa disse ainda que o neto sangrava tanto, que ela chegou a achar que ele tinha sido baleado na cabeça. Ele está entubado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HGE, após passar por cirurgia. "Tinha muito sangue jorrando pelo corpo. Nisso que ele estava baleado, ele foi se arriando [caindo] e já deitou. Quando eu olhei, eu falei: 'Socorro, gente, Álisson está baleado'. Ele estava sangrando pelas costas. Eu disse: 'Ele está sangrando muito, acho que ele tomou um tiro na cabeça também'. Aí pegaram ele para dar socorro", lembra Maria das Dores.
Até o início da tarde desta segunda (10), ninguém havia sido preso ou identificado pelo ataque. A polícia investiga também o que motivou o crime. Os outros seis jovens, entre eles uma mulher, que também foram atingidos estão internados no hospital, mas não há detalhes sobre estado de saúde.
Reprodução: G1 – Bahia
da Redação do LD