Polícia

Mãe Bernadete foi morta com 25 tiros por se opor ao tráfico e à extração ilegal de madeira

A Polícia Civil e o Ministério Público da Bahia apresentaram nesta quinta-feira (16) a conclusão do inquérito que apurou o assassinato da ialorixá Maria Bernadete Pacífico Moreira, Mãe Bernadete, 72 anos. Segundo apontou a perícia, a líder do ‘Quilombo Caipora’, em Simões Filho, foi morta com 25 tiros.  

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A Polícia Civil e o Ministério Público da Bahia apresentaram nesta quinta-feira (16) a conclusão do inquérito que apurou o assassinato da ialorixá Maria Bernadete Pacífico Moreira, mais conhecida como Mãe Bernadete, de 72 anos. Segundo apontou a perícia, a líder do ‘Quilombo Caipora’, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, foi morta com 25 tiros.  

De acordo com  o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), promotor de Justiça Luiz Neto, as apurações comprovaram que Mãe Bernadete "morreu por sua oposição ao trafico de drogas na região onde morava".

Ainda segundo apurado, a ação contrária da liderança à extração de madeira no território por um dos denunciados também teria relação com o crime. A ordem para matar surgiu após a líder comunitária denunciar a ocorrência aos órgãos competentes.  

Outro ponto determinante para o crime teria sido a oposição de Mãe Bernadete à construção de um bar que seria utilizado para o tráfico. "Uma vez que sua liderança se contrapôs com os interesses do tráfico de drogas ela pagou com a própria vida", disse Andrea Ribeiro – diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) – em coletiva.

Áudios de Sérgio Ferreira de Jesus, um dos denunciados, narram a ação do grupo no crime. "Enterra o celular (da vítima) porque tem rastreador da Polícia Federal", orientou aos executores do crime. 

Denunciados

Foram denunciados por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima, Arielson da Conceição Santos, Josevan Dionísio dos Santos, Marílio dos Santos, Sérgio Ferreira de Jesus e Ydney Carlos dos Santos de Jesus. 

O crime aconteceu no último dia 17 de agosto, na sede da associação quilombola, na comunidade de Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador. O MP pediu a prisão preventiva de Ydney de Jesus. Marílio, que possui quatro mandados de prisão em aberto, e Josevam estão foragidos. Arielson e Sérgio já estão presos.

Sexto envolvido

Um sexto envolvido foi indiciado em um segundo inquérito, também concluído pelo DHPP. Os procedimentos foram encaminhados para a Justiça na quinta-feira (9). De acordo com as investigações, dois executores, dois mandantes, um partícipe e um sexto envolvido, que guardou as armas utilizadas no crime e que deu apoio na fuga de um dos atiradores, foram identificados como responsáveis pela morte da vítima, cuja principal motivação foi à retaliação de um grupo responsável pelo tráfico de drogas naquela região. Os cinco primeiros foram indiciados por homicídio e o sexto por posse ilegal de arma de fogo, em outro inquérito policial.  

Dinâmica das ações criminosas

Conforme apurado, a motivação do crime teve início com a insatisfação de um morador do quilombo com a reprimenda de Bernadete Pacífico acerca da exploração ilegal de madeira praticada por ele naquela região. O homem instigou o crime e auxiliou os executores na ação delituosa. 

Ele enviou áudios aos líderes do tráfico, informando que a vítima estaria acionando a polícia para desarticular eventos suspeitos, em um bar na comunidade Pitanga dos Palmares, na área quilombola. Com as informações, um criminoso acusado de liderar o tráfico na região ordenou a morte de Mãe Bernadete aos executores.

O partícipe também facilitou a entrada dos autores no imóvel. Após o crime, um dos envolvidos facilitou a fuga de um dos atiradores e guardou as armas utilizadas no homicídio. 

Entre os seis envolvidos, dois encontram-se com mandados de prisão em aberto e, portanto, foragidos. Outro teve a prisão solicitada ao Poder Judiciário. O executor ainda não localizado é fugitivo do sistema prisional e tem condenação por homicídios cometidos em Simões Filho e Madre de Deus. 

Diligências continuam no sentido de localizar os foragidos. Para colaborar, a população pode fornecer informações sem precisar se identificar, para o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ligando 181.