A organização criminosa que gerou um rombo de mais de 8 bilhões de reais nos maiores fundos de pensão do Brasil contou com a participação de um núcleo político, segundo suspeitam os investigadores da Operação Greenfield.
Em seu pedido de busca e apreensão, realizada nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal relata que em oito dos dez casos de investimentos fraudulentos o “modus operandi encontrado é praticamente idêntico”.
No esquema delineado por procuradores e policiais federais, o apoio de “autoridades políticas” era crucial, já que tinham “clara ascendência sobre os diretores dos fundos de pensão que são indicados pelas entidades patrocinadoras (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Petrobras e Correios)”. O desvio é de R$8 bilhões de reais.
Segundo o MPF e a PF, a sangria dos fundos de pensão Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Previ (Banco do Brasil) ocorreu por meio dos fundos de investimento em participações (FIP), que injetaram recursos em negócios de alto risco.
A engrenagem da fraude entrava em operação quando o “núcleo empresarial” buscava dinheiro no mercado para tirar os seus projetos do papel. Esse grupo do setor privado se reunia com o núcleo “dirigente de fundos de pensão”, formado por diretores das entidades, e também com o “núcleo político”, que tinham ingerência nas indicações dos cargos das estatais.
Após esses encontros, o dinheiro era liberado por um valor superior ao do custo real do projeto. O suposto envolvimento de parlamentares nesse esquema não foi aprofundado nesta primeira fase da Operação Greenfield, que tem como foco investigados sem foro privilegiado.
(VJ) AF)