Dez policiais militares e um bombeiro da Bahia foram presos na manhã desta terça-feira (21) durante a Operação Fogo Amigo – que cumpriu mandados judiciais contra investigados por fornecer armas e munições para facções criminosas. Um PM de Pernambuco também foi preso, além de CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) e donos de lojas de armas.
Onze mandados de busca e apreensão e seis de prisão foram cumpridos em Salvador, em bairros como Garcia, Pirajá e Lobato. As outras investidas foram realizadas nas cidades baianas de Lauro de Freitas, Juazeiro, Santo Antônio de Jesus e Porto Seguro, além de Petrolina e Sanharó (PE) e Arapiraca (AL).
Durante coletiva realizada na Superintendência da PF, em Água de Meninos, o delegado regional de Polícia Judiciária da PF na Bahia, Rodrigo Motta, a organização "criava" compradores de munições e depois o material era vendido para traficantes. A investigação também aponta que armas apreendidas pelos investigados em ações policiais não eram apresentadas em delegacias, sendo direcionadas para o comércio ilegal.
"Temos aí de dois a três anos, no mínimo, que estava ocorrendo essa prática criminosa", disse Motta, ressaltando que a apuração segue em curso. Segundo o delegado, o grupo movimentava no comércio ilegal cerca de 10 mil munições de todos os calibres por mês e vendia, em média, 20 armas.
Organização criminosa e tráfico de armas
Um dos presos nesta manhã é o ex-subcomandante da 41ªCIPM (Federação), que foi afastado do posto no início deste ano. O tenente-coronel PM Hilton Teixeira, corregedor-adjunto da PM-BA, explicou o procedimento investigatório.
"Ele foi afastado daquela função, que culminou hoje na sua prisão em flagrante, em decorrência disso. Quando a Polícia Militar nota que existe qualquer tipo de desvio de qualquer um de seus integrantes, a ideia é que nós possamos verificar isso até que seja positivado para que a gente possa atuar, afastando para dificultar a atuação dentro de qualquer tipo de situação delituosa ou mesmo podendo chegar a sua prisão", contou. Os presos vão responder por organização criminosa e tráfico de armas.
A operação também foi responsável pelo bloqueio de valores de até R$ 10 milhões dos investigados, além da suspensão da atividade econômica de três lojas que comercializavam material bélico de forma irregular.
Fogo Amigo
O nome da operação faz alusão ao fato de que os policiais integrantes da organização criminosa vendem armas e munições de forma ilegal para criminosos faccionados e que acabam sendo utilizadas contras os próprios órgãos de segurança pública. A Polícia Federal continuará a apuração, na tentativa de elucidar a real amplitude da suposta organização criminosa, bem como identificar outros integrantes.