Polícia

Familiares de gêmeos mortos desistem de entrar em Programa de Proteção

"O programa tem umas regras que nos assustaram", disse uma testemunha

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http://e-c3.sttc.net.br/uploads/RTEmagicC_gemeros.jpg.jpgOs familiares dos gêmeos Cézar Sílvio e Sílvio Cézar Carvalho Santos, 45 anos, assassinados no mês de agosto em Cosme de Farias, desistiram de entrar no Programa Estadual de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita). 

Eles contaram ao CORREIO que há cerca de 10 dias procuraram a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e a Ordem dos Advogados do Brasil – Sessão Bahia (OAB-BA). Eles foram orientados a entrar no Provita, mas desistiram.

"O programa tem umas regras que nos assustaram. Vamos ficar isolados, não podemos fazer contato com outros familiares. Não existe garantia de nada e uma série de burocracias. Resolvemos não aderir", contou.

A coordenadora do Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep) do MP, promotora Isabel Adelaide Moura, informou que o MP está acompanhando a investigação do caso. "Ele (irmão da vítima) relatou que se sente ameaçado, mas não quis entrar no Provita. A ameaça é um crime de menor potencial ofensivo. Não cabe nem a quebra de sigilo telefônico. Uma vez que ele não quis entrar para o programa, não podemos fazer mais nada", afirmou. 

Procurada, a OAB não se pronunciou se vai oferecer algum tipo de ajuda para aos famíliares. A Polícia Civil informou que a morte dos irmãos gêmeos ainda está sendo investigada. Os policiais aguardam o resultado dos laudos da perícia técnica para avançar nas investigações.

Crimes
A confusão envolvendo a família dos gêmeos e os ciganos começou quando Nilda Maria Fiúza, 42, a pedido do ex-marido Jailton Carvalho Santos, pegou um empréstimo de R$ 7 mil na mão dos ciganos. Poucos meses depois, viram a dívida chegar a R$ 122 mil. O casal chegou a pagar R$ 43 mil para o cigano Jair Ferraz de Almeida, 42, que exigiu como complemento do pagamento a casa deles, avaliada em R$ 400 mil.

À polícia, Jailton informou que, para  se livrar da pressão do agiota, planejou matá-lo. Garantindo que iria liquidar a dívida, atraiu o cigano até sua loja, no Bonocô. Jair chegou acompanhado da mulher, Clarisse, e de lá seguiram todos para Simões Filho. Ao chegar a um local pouco movimentado, Jailton efetuou dois disparos contra o cigano. Depois, obrigou Clarisse a sair do veículo e fugiu. O carro foi encontrado queimado, duas semanas depois, em Coração de Maria. 

No mesmo dia, a professora Nilda, David Soares Santos, 19, filho do comerciante com outra mulher, e o seu sobrinho Uanderfon Alves dos Santos, 23, foram sequestrados, torturados e tiveram os corpos carbonizados. Os corpos de Nilda e David foram encontrados, em 15 de agosto, em Lamarão do Passé, no município de São Sebastião do Passé. No mesmo dia, o corpo de Uanderfon foi achado em Dias D’Ávila. Jailton se entregou alguns dias depois e segue preso em Salvador.

Em agosto deste ano, os gêmeos, irmãos de Jailton, também foram assassinados. Foram surpreendidos por dois homens em uma motocicleta na Baixa do Tudo e mortos a sangue frio. O cigano Gilmar Ferraz Almeida, irmão de Jair e suspeito de envolvimento nas mortes, está sendo procurado.