Dono da empresa Siriguejo Delivery, Rodrigo Soares Góis, 41 anos, foi apresentado à imprensa na tarde desta segunda-feira (6), em Salvador. Ele foi acusado pela polícia de estelionato. Segundo os delegados responsáveis pelo caso, Rodrigo pratica o crime desde 2012 e já soma 21 denúncias de vítimas.
O empresário foi apresentado pelos delegados Delmar Bittencourt, do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), e Carla Ramos, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR). O inquérito e investigação do caso estão sob responsabilidade de Carla Ramos e a prisão foi efetuada, no sábado (4), por equipes do DCCP.
“Nos autos do meu inquérito nós temos pelo menos dez vítimas nesse valor de R$ 100 mil. Pessoas físicas. Mas a gente acredita que com a notícia da prisão vão aparecer outras vítimas, e eu acredito que esse valor vai ser muito superior”, declarou a delegada.
O inquérito policial começou a partir de três ocorrências registradas por cinco médicas, que disseram ser clientes do “Siriguejo Delivery”. A titular da DRFR relatou que, a partir da credibilidade que Rodrigo tinha como dono desta empresa, as vítimas criavam uma relação de confiança. “Inclusive, ele tem uma página nas redes sociais que mostra que ele é bem relacionado, tem relação com artistas, personalidades…”, contou Carla Ramos.
Além disso, para enganar as vítimas, Rodrigo usa o argumento de que tem vínculos com pessoas da Receita Federal e, por isso, ele poderia adquirir aparelhos eletrônicos por um valor muito abaixo do que o mercado propõe. “Por exemplo: um telefone de última geração, que é o Iphone X, que é vendido nas lojas por R$ 7 mil, ele disse que conseguiria por R$ 1.900 mil. Diante disso, essas médicas resolveram adquirir os aparelhos, depositaram a quantia para ele, equivalente a R$ 10 mil, e esses aparelhos nunca apareceram. Elas perceberam que se tratava de um golpe e vieram à delegacia”, declarou a delegada.
Sobre o uso do argumento de Rodrigo ter relação com a Receita Federal, a delegada informou que “isso não procede”. “É bom que se deixe claro de que esse tipo de leilão é sério. Não existe nada por baixo do pano [na Receita Federal] e ele, na verdade, usa isso como golpe. Fica com o dinheiro e nunca entrega nada, porque não tem vínculo com ninguém da Receita Federal.
Em outro golpe, também usando o argumento dos celulares, Rodrigo conseguiu lesar um escritório de advocacia em R$ 90 mil.
“Nas investigações, nós descobrimos que esse é o modo operante dele desde 2012, ele já vendeu de tudo: terreno, veículos, celular, notebook, televisor e até para uma escola infantil, ele disse que iria vender todos os equipamentos da escola arrematados sempre com lotes da Receita Federal”, revelou a titular da DRFR. A delegada ressaltou que estes outros golpes foram descobertos ao longo das investigações e registrados em outras delegacias.
A EMPRESA
A Siriguejo Delivery funciona e, conforme os delegados, não há denúncia relacionada à empresa. Apesar disso, a companhia está em nome de uma segunda pessoa, que funciona como laranja. Rodrigo disse, em depoimento, que o laranja só empregou o nome, pois ele não possui bens.
“Ele é uma pessoa extremamente escorregadia. Essa questão do delivery funciona porque não é ele que vai fazer as entregas, e sim, um motoboy. Então ele tinha toda a segurança de impedir a entrada de uma pessoa que não fosse de confiança, que seria o motoboy ou até mesmo os cozinheiros”, disse a delegada.
“Ele me disse, em interrogatório, que a empresa rende em torno de R$ 12 mil mensal, mas que esse valor é sazonal e no verão ele conseguia angariar muito mais, por causa da época. A fonte real de renda dele, são os golpes”.
A PRISÃO
Os delegados contaram que ele tomava todos os tipos de cuidados para não ser preso. Rodrigo, além de se mudar com frequência, trocava de carro e número de celular.
Os investigadores do DCCP conseguiram o endereço do bairro Santa Cruz, onde Rodrigo estava com a nova sede do Siriguejo Delivery e foi dada voz de prisão. “Ele não resistiu, imaginou que nunca seria pego”, relatou o delegado Delmar Bittencourt.
A delegada Carla Ramos esclareceu que “pelo tempo entre os golpes, a gente vê que isso é uma conduta reiterada. O tempo máximo dessa pena é de até cinco anos, mas por ser um crime continuado, acredito que o juiz deve aumentar em dois terços”.
O mandado de prisão cumprido no sábado foi expedido pela 12ª Vara Crime de Salvador, e Rodrigo será encaminhado ao sistema prisional.
BNwes/// Figueiredo