O investigador Douglas Pithon conta com mais de 123 mil seguidores no Instagram. É na rede social que o policial lotado na Coordenação de Operações e Recursos Especiais (Core) compartilha a rotina de guerra contra as facções e busca evidenciar o trabalho das forças de segurança pública.
Mas, há cerca de um ano, Pithon decidiu ampliar o alcance das histórias que testemunhava diariamente. Levou para as páginas do livro “O Sacerdócio de um Operador Especial: Suor, Sangue e Sacrifício”, lançado em dezembro de 2023, pela editora Clube de Autores, relatos reais, sobretudo, para homenagear heróis anônimos fardados.
Em entrevista no programa P Notícias, da rádio Piatã FM, na noite desta quarta-feira (6), o policial e escritor falou sobre o processo de criação da obra.
Balé no Rio
De acordo com o investigador, dois episódios foram determinantes para que ele escrevesse O Sacerdócio de um Operador Especial. O primeiro, quando ainda era policial militar no Rio, viu um amigo morrer fardado após ser baleado no pescoço.
“Em uma quinta-feira, a gente acordou de madrugada, a mulher dele fez café pra gente, a filha dele deu um beijo e falou: ‘meu pai, você me pega no balé 19h30?’. Ele falou: ‘te pego, minha filha’. E a gente foi para o olho do furacão, onde o aço encontra a carne confrontar o mau, que de uma forma bem cruel tentava impor o seu poder paralelo em uma área conflagrada. E sobre um fogo cerrado esse companheiro fez uma travessia numa pista e tomou um tiro no pescoço, morreu e fui o primeiro a chegar. No dia seguinte, esse cara se transformou numa lápide opaca, cinza e fria, e tive de entregar para aquela filha, que até hoje espera o pai voltar para pegar ela no balé uma bandeira do estado do Rio de Janeiro”, recordou.
A partir do ocorrido, o policial decidiu que aquele sangue não foi derramado em vão.
Sangue, suor e sacrifício
O outro caso citado pelo investigador foi registrado em 15 de setembro de 2023, em Salvador. Na ocasião, o policial federal Lucas Caribé morreu na Estrada do Derba, durante uma operação no bairro Valéria. Um agente da civil, também da Core, perdeu a visão de um dos olhos na ocorrência.
“Mais uma vez o inimigo mostrou sua face mais cruel e a gente viveu ali momentos muito difíceis. Ainda lá, melado de sangue, suor e muito sacrifício, decidi terminar de escrever o livro, porque eu já estava começando a escrever, para tirar do anonimato esses heróis anônimos”, contou.
Douglas Pithon ressalta que o livro carrega sensações vivenciadas nas operações. “As sensações e os sentimentos de um ser humano, porque nós policiais, entes da sociedade, nós não viemos de marte. Temos família, temos nossos sonhos, temos nossas fragilidades e potencialidades. Cada um carrega sua fé, fervorosamente no seu coração e todo mundo quer voltar pra casa livre e vivo”, pontuou o policial.
O livro é considerado pela editora um best-seller, sendo o mais lido e comentado do catálogo.
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